Vivemos momentos onde a nossa pecuária de cria se mantém em bons patamares de remuneração e os preços do boi gordo seguem tendência de estabilização. Evidente que a margem de rentabilidade oscila entre os diferentes sistemas de produção, então a tarefa de melhor gerir as atividades de dentro da propriedade é sobremaneira essencial ao lucro.
Como parte determinante para os bons preços dos bezerros, até mesmo em função do afamado ciclo pecuário, tem-se a redução do rebanho de matrizes (em especial as zebuínas, grande maioria no território nacional). Outro ponto incontestável da atualidade da pecuária de corte é o largo emprego do cruzamento industrial, bem melhor gerenciado que no passado.
A estação reprodutiva já nos bate às portas e, em primeira instância para a providência da dita recomposição de matrizes, se faz necessária a utilização de parte das doses de sêmen de touros da raça tida como base do rebanho.
Nota-se por vezes que muitas fazendas não possuem um acompanhamento aprimorado do desempenho dos produtos nascidos a cada safra, via programa de seleção ou melhoramento genético, que ajusta pesos à idades padrão, que combina as informações de performance com as diferentes categorias de matrizes, que promove comparação entre diferentes rebanhos, enfim, se valem bastante dos efeitos ambientais.
Ora, que o efeito ambiente então jogue a favor do rebanho! Como? Utilizando nas primeiras inseminações da estação reprodutiva as doses de sêmen da raça base. O intuito seria ter a certeza que as primeiras bezerras nascidas sejam as responsáveis pela reposição, pelo fato de serem as primeiras a serem desmamadas e terem a chance de uma melhor recria e consequente ingresso na estação reprodutiva, apresentando bons scores corporal e ginecológico.
As ferramentas para a escolha de tais touros estão disponíveis nos sumários dos programas de melhoramento genético e das associações de raças, sendo para esta finalidade pertinente focar num tamanho adulto moderado, boa habilidade materna e boas avaliações reprodutivas.
A indicação de o quanto usar de sêmen da raça base nas inseminações, se 30%, 50% ou 75% do rebanho total fica a cargo do corpo técnico que assiste a propriedade, ao avaliar a atual composição do rebanho e sua evolução. Atingido o patamar tido como suficiente para reposição, o foco seria então o cruzamento industrial.
Para tanto, tendo em vista que o que venha a nascer tem como destino certo o frigorífico, o anseio por maximizar potencial produtivo é bastante acertado, não se esquecendo de como, em especial, a engorda deste animal será realizada.
Dentro de uma mesma raça existem evidentemente variações entre seus indivíduos e, extrapolando o raciocínio, entre suas curva de crescimento e/ou demandas nutricionais, determinando os animais “mais tardios” ou “mais precoces”, ou mais ou menos exigentes.
Para sistemas de produção onde a demanda enérgica da dieta de terminação de carcaças não seja um ponto restritivo, haja vista os confinamentos, a indicação seria usar animais de maior porte e muito potencial de ganhos de peso.
Caso a opção por terminação é num sistema baseado em pastejo, vêm a calhar melhor os animais de porte mais moderado e altos valores (positivos) para gordura subcutânea.
De forma sucinta, abordando assuntos recorrentes nas rodas de pecuaristas e técnicos, como a reposição de matrizes, os bons preços de bezerros e do emprego do cruzamento industrial, procuramos fazer novamente luz sobre atitudes simples de manejo que busquem surtir melhor efeito nos resultados de nossos parceiros.
Cada situação requer uma ferramenta. Apesar de um serrote ser ferramenta, de nada serve para quem precisa colocar um prego na parede.
Caio Tristão, Caio Tristão, Médico Veterinário, pela UFLA – CRMV SP – 13.390, Especialista em Produção de Ruminantes, pela UFLA e em Reprodução de Bovinos, pela Qualittas.