Indústria de insumos, produtores rurais, pesquisadores e empresas de consultoria e certificação examinaram o mercado durante painel inédito da Agrishow 2019.
Auxiliar os pecuaristas nas tomadas de decisões que vão trazer melhores resultados no momento da comercialização da carne bovina. Esta foi a principal proposta debatida durante o painel “A Pecuária invadiu a Agrishow – Comercializar, eis a questão”, realizado na Arena do Conhecimento da Agrishow 2019, em Ribeirão Preto (SP), numa promoção do Grupo Pecuária Brasil e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O evento durou quatro horas, contou com seis palestras de reconhecidos profissionais do segmento e terminou com um animado debate. A mediação coube a Diede Loureiro Neto, apresentador do Canal Produtivo, e Renata Branco, Pesquisadora do Instituto de Zootecnia de São Paulo.
A abertura coube ao Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Diniz Junqueira. Ele frisou a importância da Pecuária de Corte e Leite para a economia brasileira, mas alertou para a necessidade da cadeia produtiva investir cada vez mais em novas tecnologias, produtividade, qualidade de produção e padrão sanitário. “Estamos colocando a estrutura da Secretaria a disposição da Indústria e dos empresários rurais para termos proteína animal de excelência, que remunere adequadamente todos os elos da cadeia, seja sustentável e atenda aos desejos de uma sociedade moderna, em profunda transformação”, destacou o Secretário.
As apresentações examinaram o papel do Brasil na oferta mundial de alimentos, o planejamento da produção, como intensificar com eficiência, a importância das informações e análises que envolvem produção e comercialização, além dos parâmetros de mercado que auxiliam a gestão das fazendas. “O aumento da população, o crescimento do poder aquisitivo e a urbanização acelerada são fatores que interferem diretamente no volume de alimentos que é consumido diariamente no mundo. Diante do cenário de crescimento da demanda, as oportunidades do Brasil são enormes em se firmar como um dos grandes fornecedores mundiais de alimentos. E é muito importante termos um espaço dedicado a discutir a atividade em um dos maiores eventos do agronegócio do mundo. O setor é responsável por 1/3 do PIB do agro no país e merece esse destaque”, destacou Stefan Mihailov, presidente da Trouw Nutrition na América Latina. O executivo ainda discutiu os mitos e as verdades sobre a produção pecuária e a relação com a sustentabilidade, assunto que ainda gera muitas dúvidas entre os pecuaristas e a sociedade em geral.
O painel reuniu especialistas e representantes de destaque do setor pecuário. Entre as empresas convidadas, figurou o Serviço Brasileiro de Certificações (SBC), líder de mercado e credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV). A empresa atua em 30% das fazendas brasileiras certificadas, incluindo os grandes confinamentos do país, rastreando aproximadamente dois milhões de animais por ano. E tem tido papel fundamental no sucesso das exportações brasileiras de carne bovina. Em 2018, o país embarcou 1,643 milhão de toneladas, crescimento de 11% sobre 2017. Em 2019, não está sendo diferente. Já são 540 mil toneladas vendidas nos quatro primeiros meses, com uma receita cambial de quase US$ 2 bilhões.
A empresa foi representada pelo Diretor Sérgio Ribas Moreira. “Visito a Agrishow há dezessete anos. Já estivemos aqui até como expositor. É uma das principais feiras da América do Sul. Gostamos porque mostra muita inovação, tecnologia. E, nos últimos anos, temos visto um movimento maior da Pecuária no evento. Está aumentando o número de pecuaristas que visitam a feira, os organizadores promovem mais palestras específicas sobre os temas do segmento. Fomos convidados e aceitamos. Para escutar muito e aprender ainda mais”, observou Sérgio Ribas.
As estratégias para uma melhor produção da carne bovina teve um espaço especial com Flavio Dutra, o diretor da Agência Paulista de Tecnologias Agropecuárias (APTA) de Colina (SP). “Se não intensificarmos a produção, não haverá Pecuária. Os produtores precisam entender que não dá para deixar de investir em boas pastagens. É tarefa primordial para ter uma recria do bezerro desmamado. Caso contrário, o negócio não fecha as contas. E também cuidar muito bem de uma boa terminação dos animais”, alertou.
Mas não basta apenas saber produzir. O editor-chefe da Carta Pecuária, Rogério Goulart, ressaltou a importância de estar atento ao que acontece fora da propriedade. “É cada vez mais nítida a importância da gestão do negócio na atividade, pois não basta o produtor se focar na produção se não souber quais as necessidades e como está o mercado”, afirmou Goulart. Para ele, esse é um momento muito oportuno tendo em vista a crescente união da Agricultura e da Pecuária no campo. “Temos acompanhando um cenário onde a duas atividades estão interagindo em prol do crescimento do setor e da melhoria na eficiência e lucratividade das propriedades”, apontou.
Beto Zillo, da Z1 Consultoria, mostrou os resultados de um ano do “Balizador do Grupo Pecuária Brasil (GPB)”, ferramenta desenvolvida para informar em tempo real os valores de comercialização da arroba praticados no Brasil. Enquanto o especialista e Diretor da Athenagro, Maurício Palma Nogueira, explicou porque usar dados, números e medições ajuda nos resultados produtivos e financeiros da atividade. “A mudanças nas margens obtidas pela fazenda brasileira caíram sensivelmente nas últimas décadas. O pecuarista que ainda insiste em não investir na pastagem, no animal, nas métricas positivas, está deixando o negócio numa velocidade cada vez mais intensa”, preveniu Maurício Palma.
“A Agrishow sempre foi um espaço da Agricultura. Mas, pelo que pudemos conferir, mais uma vez, está crescendo o espaço da Pecuária. Cada vez mais, há uma fusão dos grãos com a produção de carne. Viajo muito ao Mato Grosso, por exemplo. E, a cada ano que passa, a integração Pecuária – Lavoura toma mais espaços, aumentando a rentabilidade da fazenda. Este é o futuro. Certamente, é por isso que os agricultores que passam por Ribeirão Preto fazem muita negociação envolvendo a produção de carne bovina. Até pela representatividade que a Pecuária e o mercado financeiro da atividade possuem no estado de São Paulo. É assim: quanto mais agrega valor ao negócio, o pecuarista alcança giro mais rápido, precocidade, e vai caminhando para áreas como a exportação para mercados exigentes, certificação Europa e tudo. Um direcionamento que tem tudo a ver com a atuação do SBC”, resumiu Sérgio Ribas Moreira.