Luiz Henrique Witzler, um dos pais do SISBOV, aposta na certificação como modelo para alcançar produtos diferenciados e valorizados pelo consumidor.
Ter um produto que se diferencia dos demais, é muito procurado pelos consumidores e ainda se valoriza mais do que os concorrentes. Um exemplo deste caminho direto para os bons negócios pode ser visto nas fazendas brasileiras que têm habilitação para exportar carne bovina para a Europa. Um mercado exigente, mas que paga bem pela proteína que compra se ela for produzida com normas estabelecidas pelo importador. É justamente a certificação destas normas que pode representar uma importante janela de oportunidades para os produtores de carne bovina do país, que vêm sofrendo com a oscilação negativa da arroba do boi gordo no mercado interno há mais de um ano.
“A certificação ainda é um assunto pouco conhecido no Brasil, mas é muito comum no exterior. Acreditamos neste caminho como uma solução para quem tem um produto diferenciado, que vai acabar sendo reconhecido na ponta da cadeia, pelo consumidor final, utilizando uma sistemática mundialmente conhecida, que é a certificação”, aposta o médico veterinário Luiz Henrique Witzler, mais de trinta anos de experiência no segmento, um dos nomes mais respeitados quando o assunto é rastreabilidade, habilitação de fazendas pecuárias para comercializar carne bovina para a Europa e certificação de dezenas de produtos orgânicos exportados para o mundo inteiro. Witzler, também conhecido como ‘Alemão’, é um pioneiro. No fim do século passado, já era sócio proprietário do IBD Certificações, Instituto Biodinâmico responsável pela primeira certificação de café orgânico vendido ao exterior pelo Brasil, em 1990. Em dez anos, foram dezenas de novas certificações, sociais, ambientais e de produtos da pecuária, tecido, perfume, entre outros.
Empresa 100% brasileira e com atuação em mais de 20 países. Na virada dos anos 2000, mesmo permanecendo como sócio do IBD, foi convidado a atuar como consultor para uma nova certificadora, focada em outra atividade, a Pecuária, na habilitação de animais para a Europa, pois o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) preparava nova instrução sobre exportação para aquele continente, o que viria a ocorrer já em 2002. “A nova regra surgiu. O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV), que identifica individualmente os animais de fazendas que desejam fornecer carne para mercados mais exigentes. Um sistema consolidado, seguro, que tem passado bem por todas as auditorias. E hoje pode ser usado pelos pecuaristas brasileiros para agregar valor ao seu produto e qualificar melhor a cartela de compradores, no mercado interno e externo”, reforça Witzler.
O Serviço Brasileiro de Certificações (SBC) cresceu focado no SISBOV e Luiz Henrique Witzler tornou-se uma das referências no tema e Diretor Geral da empresa. Acompanhou o surgimento de protocolos particulares dentro dos frigoríficos brasileiros, o MAPA delegando a terceiros os temas que não sejam exclusivamente sobre vigilância sanitária, além da criação de programas de certificação com carne bovina como ‘Carne Angus Certificada’ e ‘Carne sustentável no Pantanal’, que remuneram melhor os pecuaristas fornecedores. “E o mercado externo também se tornou uma opção interessante por causa do cenário preocupante da economia brasileira. Os produtores podem aproveitar a chance de entrar na certificação, pois os frigoríficos estão fomentando. Precisamos atender os pecuaristas para eles colocarem esses animais na Europa. Sem falar que o país necessita continuar incentivando as exportações para melhorar a renda e o nível de produção das fazendas e obter maiores saldos na receita da balança comercial”, explica Luiz Henrique Witzler.
E é uma estratégia hoje consolidada. Um exemplo é o Confinamento Ribas, da Fazenda São Manoel, localizado em Guarantã (SP) e que trabalha com cinco mil animais ao ano, com operação habilitada para o exigente mercado da União Europeia, recebendo gado de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso para terminação.
“Antes, usávamos os nossos próprios bovinos, mas confinar para terceiros resultou em margens mais positivas. E quanto mais operamos, mais eficientes somos, o que acaba atraindo o interesse de fazendeiros que não têm a mesma estrutura para a atividade. Tanto que hoje temos uma fila de interessados de até três meses”, revela José Ribas, o gestor do confinamento. O negócio vai tão bem que os planos são de expansão, com a construção de mais doze currais e capacidade saltando para 15.000 animais por giro em até cinco anos. “O empreendedor rural que tem um produto diferenciado, de maior qualidade, ao procurar um mercado que se interesse, vai conseguir uma remuneração. É a saída para sair da commodity, seja em qual carne for. Mirar o consumidor e não o frigorífico. A finalidade da certificação é o consumidor final”, conclui Luiz Henrique Witzler.
Sobre a SBC Certificadora – A SBC foi criada em 2002, em Botucatu, pelos médicos veterinários Cristina Lombardi, que atuou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e no Frigorífico Independência, e Luiz Henrique Witzler, dois renomados profissionais da história da rastreabilidade bovina no Brasil. O objetivo foi trabalhar com SISBOV, para atender a demanda de exportação de carne bovina à Europa. Hoje, a empresa é líder de mercado neste sistema, atuando em 40% das fazendas brasileiras certificadas, incluindo os grandes confinamentos do país, e quase dois milhões de bois por ano. E atende as empresas Minerva, Marfrig, JBS e Frigol. Tem presença em onze estados brasileiros e escritórios em Cuiabá, Goiânia, Campo Grande, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, além de representante no Paraná. Mantém sede em Botucatu e trabalha com cinquenta colaboradores e auditores espalhados pelo país. A SBC é credenciada para as certificações SISBOV, Marfrig Club e Tipificação de Carcaça. E está em fase de acreditação pelo Inmetro para Global Gap.