Empresas que atuam no agronegócio brasileiro e mundial no campo e na indústria miram cada vez mais as exigências dos consumidores urbanos modernos.
Alinhar as novas estratégias de negócios da empresa com um mercado consumidor cada vez mais exigente e rigoroso quando o assunto é qualidade de alimentos e informações sobre origem e sustentabilidade da cadeia produtiva. Atuar no campo não é mais como era antigamente. Retirar um bom alimento da fazenda e processar proteínas, grãos, legumes, frutas e verduras hoje significa orientar bem o produtor rural, a indústria, mas, ao mesmo tempo, cumprir procedimentos que garantam saúde e transparência para as pessoas que vão comprar esta comida.
Produtos naturais, orgânicos, livres de defensivos e herbicidas químicos. Alimentos produzidos com responsabilidade, em propriedades que preservam o meio ambiente, tenham boa relação com a comunidade, cumpram protocolos nacionais e internacionais que garantem origem, informação precisa e detalhada de todos os insumos utilizados e sejam, ao mesmo tempo, de preparo fácil e saborosos. E empresas de transformação e processamento que mantenham a saúde dos alimentos preservada desde o plantio.
A APAS Show 2019, maior feira mundial de alimentos, bebidas, higiene, limpeza, equipamentos e tecnologia para supermercados, evento promovido em maio pela Associação Paulista dos Supermercados (APAS), foi um exemplo vivo de como a venda de produtos nas gôndolas virou de cabeça para baixo. Mais de oitocentas empresas de vários países mostrando opções de comida pronta, com validade de um dia, produtos de animais criados com bem-estar máximo, sistemas de refrigeração que não lançam gases nocivos na atmosfera, refeições gourmet, conservantes naturais, alimentação equilibrada e sem uso de transgênicos e promotores de crescimento, embalagens recicláveis, ingredientes fitness, proteínas com sabor e frescor, porções individuais, de fácil preparo.
São tendências mundiais que movem gigantes como a Cooperativa Agropecuária de Campo Mourão (COAMO), a maior da América Latina, que fatura mais de R$ 15 bilhões ao ano. “Os alimentos são diferenciados por vários motivos. Incluindo a sua origem. Em nosso caso, vêm dos campos de mais de 28 mil associados. E quando você sabe da onde vem a matéria-prima do alimento que se está industrializando é possível garantir a segurança deste produto para o consumidor final”, comenta o Superintendente Comercial da Coamo, Alcir José Goldoni.
E o consumidor é o grande desafio das empresas que atuam para garantir cumprimento de protocolos e compromissos valorizados pelos clientes finais, nas cidades. “Sempre trabalhamos certificando o que é produzido nas fazendas, para que o produtor tenha qualidade crescente no que faz, busque compradores exigentes e consiga vendas mais valorizadas. Permanecemos assim, mas com o mercado nos olhando diretamente. O novo consumidor quer muitas coisas de nós. Rigidez nos procedimentos, ritos, normas. Quer saber como fazemos o nosso trabalho. Mudou quem olha a gente. E são olhos cada vez mais exigentes, inúmeros, e que também precisam de informações para entender o que eles estão consumindo”, explica o Responsável Técnico GLOBALG.A.P. no Serviço Brasileiro de Certificações (SBC), Matheus Modolo Witzler. A empresa é líder no mercado de fazendas certificadas para exportação de carne bovina à Europa e iniciou há um ano um processo de internacionalização para trabalhar com produtores de frutas e vegetais que desejam exportar para exigentes mercados internacionais. Para isso, obteve a acreditação para o protocolo GLOBALG.A.P., criado há 20 anos para que os supermercados e as redes de varejo europeus tivessem um protocolo uniforme para a compra de produtos dentro e fora do continente, seguindo requisitos sociais de segurança alimentar, proteção ambiental, fomentando uma agricultura segura e sustentável. Hoje, esse protocolo existe em mais de 160 países e é o de maior abrangência em alimentos frescos, produção animal e aquicultura.
“É uma nova etapa para o SBC. Já atuamos com a carne certificada que chega às gôndolas, ao consumidor final. Caso da Rubia Galega, uma certificação da indústria, com acompanhamento e avaliação da raça para o produto ser rotulado nos supermercados. O selo da Cadeia de Fornecimento da JBS, que de alguma forma vai chegar à mesma gôndola. E ainda com os supermercados, pois alguns dos nossos clientes são eles mesmos, com o selo de Uso de Energia Renovável, que supermercados e indústrias usam no seu marketing de vendas. Agora, pisamos fundo para atender as necessidades dos supermercados que pedem padronização dos fornecedores através do GLOBALG.A.P.”, complementa Matheus Modolo Witzler.
Tanto é assim que, para manter a posição de fomento e apoio ao desenvolvimento da cadeia de alimentos perecíveis, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) acaba de se tornar membro do GLOBALG.A.P. Desde 2006, a entidade tem atuado de forma ativa junto à cadeia de Frutas, Legumes e Verduras no mercado brasileiro, apoiando o diálogo entre produtores, distribuidores, supermercados e governo para o desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis e que garantam um alimento seguro ao consumidor. Discussões sobre rastreabilidade, monitoramento de resíduos químicos, desperdício e qualidade dos alimentos perecíveis.
Este varejo, que é o mais popular do Brasil, simboliza justamente este novo mercado que o SBC está alcançando, que é o do consumidor final. Assim como a aproximação com o IBD Certificações, empresa reconhecida internacionalmente quando o assunto é produtos orgânicos, sustentáveis, certificações de lavouras de café, cacau, frutas, cereais e gado.
“Há pouco tempo, não tratávamos desses assuntos porque atuávamos exclusivamente com o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV), certificando fazendas pecuárias para exportação à Europa. Que permanece sendo o principal negócio do SBC. Mas a APAS Show significou uma virada. É um evento de um tamanho absurdo, centenas de contatos. E marcou a aproximação do IBD Certificações e SBC. O Instituto, com a linha dos produtos sustentáveis, orgânicos, o café, gado e tudo. E o SBC com as frutas convencionais. Em termos comerciais, queremos atender os clientes no que eles precisarem. Os supermercados buscam produto diferenciado, de valor agregado, com certificação. Grandes player´s da fruticultura brasileira estão demandando certificação, empresas para atender os produtores porque a demanda é grande. O consumidor quer saber o que está comendo, cada vez mais. Exige transparência em qualificações, novos protocolos. Precisamos explicar o protocolo ao consumidor para ele entender o que é o alimento que ele está comendo. Estamos navegando novos mares e prestando serviços dentro dessa cadeia de fornecimento de alimentos para o mundo”, conclui Matheus Modolo Witzler.