Em evento promovido pelo Departamento de Pecuária da Sociedade Rural Brasileira (SRB) para debater o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), nesta quarta-feira (5), o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Henrique Marques, afirmou que a qualidade da vacina brasileira contra a doença é comprovada pelos nossos compradores e concorrentes “Vacinamos mais de 400 milhões de cabeças e temos um número baixíssimo de reações. A vacina não é boa, ela é ótima”, destacou.
A decisão tomada há poucas semanas pelos Estados Unidos de embargar a carne brasileira in natura reacendeu a discussão sobre a retirada da vacina contra a febre aftosa no país.
Segundo ele, a retirada gradual da imunização deve começar em alguns estados a partir de 2019. No Brasil, atualmente apenas Santa Catarina é considerado livre de febre aftosa sem imunização.
“Chegou o momento de o produtor ser desonerado desses custos. A intenção do governo federal é a de acabar com a vacinação contra a doença até 2021”, revelou Guilherme Marques.
Marques também destacou que mesmo com o vírus controlado no País, é possível o surgimento de algum eventual foco da doença. “Tenho certeza de que o vírus não circula mais no País, mas ele pode ser trazido do exterior”, informou Marques, citando o exemplo do Japão, que mesmo sendo uma ilha e tendo erradicado a doença há mais de 100 anos, registrou um foco da doença e teve que sacrificar mais de 2 milhões de cabeças. “O fato de os japoneses nunca terem visto um animal com aftosa dificultou o diagnóstico e quando a doença foi identificada já era tarde demais”.
Além de ter a intenção de retirar o uso da vacina em quatro anos, o governo pretende reconhecer o país como livre da doença sem vacinação até 2023.
Segundo o Auditor Fiscal Agropecuário, Plinio Lopes, a ideia é realizar essa operação em etapas, mas antes a comunidade internacional precisa reconhecer os últimos três estados brasileiros que ainda não são considerados livres da doença com vacinação: Amapá, Amazonas e Roraima.
Para Teresa Vendramini, diretora-executiva da SRB, o projeto é importante para a pecuária brasileira e o setor produtivo precisa debatê-lo em todas as regiões.
“A ideia da Rural é fomentar o debate para que todos os elos da cadeia possam opinar. É a primeira vez que o Estado de São Paulo sedia essa discussão aberta, com ampla participação de produtores e associações, ao contrário do que acontece nos comitês em Brasília em que apenas algumas entidades participam”, afirmou Teresa.
Renato Ponzio Scardoelli
Grupo Publique