Primeira etapa da campanha nacional de vacinação contra a febre aftosa usou 223 milhões de doses da bivalente na dose de 2ml, fabricadas por oito empresas, e mobilizou 15 mil revendas agropecuárias no país.
Uma excelente aceitação pelos pecuaristas na campanha oficial de maio passado. E resultados positivos de qualidade do produto e facilidade na aplicação. Esta é a avaliação efetuada pela indústria do setor, a direção e a Comissão de Aftosa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN) sobre a utilização da nova vacina contra a Febre Aftosa bivalente na dose de 2ml, divulgada nesta quarta-feira de manhã, em São Paulo, no Centro Brasileiro Britânico. A entrevista antecedeu o ‘Fórum Vacina Contra Aftosa 2 ml – Inovação a Serviço da Pecuária Brasileira’, realizado à tarde, numa promoção do SINDAN e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A nova tecnologia foi desenvolvida ou adaptada por oito indústrias do segmento: Biogénesis Bagó, Biovet, Boehringer Ingelheim, Ceva, MSD Saúde Animal, Ourofino Saúde Animal, Vallée e Zoetis. O objetivo era manter os mesmos parâmetros de qualidade e eficiência. Foram utilizadas 223 milhões de doses, equivalente a meio milhão de litros, com uma cobertura vacinal de 92%. Considerada um biológico perfeito, oferece proteção de seis meses, é bivalente, de fácil aplicação sub-cutânea e contém óleo.
“A vacina foi desenvolvida em tempo recorde pela indústria para não ser um obstáculo ao cronograma do Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA)”, explicou Elcio Inhe, presidente do Sindan. “Ficamos recompensados pelo feedback dos produtores, pois a vacina representa uma inovação a serviço da Pecuária do Brasil. Ela é potente, segura e de fácil manejo”, completou. Os resultados foram coletados no campo pela Comissão de Aftosa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindam). Em novembro, segunda etapa da campanha nacional de vacinação, serão utilizadas outras 110 milhões de doses.
Foram dois anos de desenvolvimento. “Usamos 85 milhões de doses somente em testes em partidas-piloto. Mais de 1.200 bovinos sensíveis foram utilizados na fazenda de Sarandi (RS), utilizada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, no Rio Grande do Sul. As indústrias investiram US$ 15 milhões para ter a nova vacina”, destacou Emílio Salani, vice-presidente executivo do SINDAN.
“E existe, também, a questão da qualidade de carcaça entregue na indústria, que também é um dos resultados aguardados com a chegada da nova vacina. Acreditamos nisso pela retirada do adjuvante antes usado, pela qualidade do produto e pela facilidade maior na aplicação da seringa, em um local mais seguro no corpo do animal. Poderemos conferir esta realidade daqui dois anos, com o abate das cabeças vacinadas em maio”, afirmou Fabricio Bortolanza, coordenador da Comissão de Aftosa do Sindan.
A distribuição das doses pelo Brasil inteiro contou com o trabalho de quinze mil pontos de venda de insumos agropecuários. Neste ano, as revendas receberam uma cartilha preparada pelo SINDAN, com recomendações envolvendo o manuseio do produto (que precisa ser mantido em temperatura de 2 a 8 graus celsius) e a correta aplicação das doses. “A AGV, que nos auxilia no formato final das embalagens da vacina e na distribuição pelas revendas do país, também ajudou. Sem falar no exército de técnicos das indústrias no campo e nas revendas, reforçando a importância das boas práticas na vacinação e no PNEFA. O objetivo sempre foi deixar o pecuarista bem informado para realizar a melhor vacinação. E o pessoal está tomando muito mais cuidado, ficando mais atento. Até por causa do problema envolvendo a suspensão das importações pelos Estados Unidos”, pontuou Emilio Salani. “Nosso produtor está em um outro patamar. Até porque é ele quem paga se houver problemas, pois ele é quem repassa o animal para a indústria e sofre com os descontos dos frigoríficos”, acrescentou Élcio Inhe.
O Fórum da Nova Vacina foi aberto pelo presidente do SINDAN e pelo Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, José Guilherme Tollstadius Leal. Na sequência, Emílio Carlos Salani fez a apresentação oficial da vacina. Fechando a programação, uma mesa redonda, ‘Os avanços e inovações na tecnologia de produção da vacina contra Febre Aftosa, sua importância como instrumento de consecução do PNEFA e manutenção do status sanitário do Brasil’, reuniu representantes das associações de produtores de Mato Grosso (ACRIMAT), confinadores (NOVA ASSOCON), SINDAN, MAPA e Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL).
“A indústria apoia integralmente o PNEFA, que tem o objetivo de substituir a vacinação por ações de segurança e vigilância, dando tranquilidade aos produtores , à indústria, aos órgãos governamentais e, por extensão, para todo o país”, reforçou Élcio Inhe. “A nova vacina é a melhor ferramenta para erradicação da febre aftosa no atual momento do PNEFA”, concluiu Emilio Salani. O PNEFA tem como objetivo final colocar o Brasil como um país livre de febre aftosa até 2022. “O Brasil atingiu um status sanitário reconhecido no mundo inteiro. E o trabalho do Ministério vai seguir firme neste sentido. Esta nova vacina é o sinal claro de uma ação em conjunto que alcançou o sucesso. Nossa vigilância sanitária será cada vez mais mais ágil e eficiente, atuando ao lado da iniciativa privada”, discursou José Guilherme Leal.