Presidente da UCBVet Saúde Animal e o Futuro!

O médico Marcelo Brunini debate o avanço impressionante da tecnologia e planeja os novos negócios da empresa veterinária centenária.

Um mundo novo, de carros e ônibus rodando sem motoristas nas estradas e ruas, com máquinas realizando exames complexos em questão de segundos; doenças graves sendo prevenidas com a avaliação genética e até a regeneração de órgãos amputados nos seres humanos. É neste ambiente de intensa pesquisa e saltos tecnológicos cada vez mais rápidos que o médico brasileiro Marcelo Brunini, CEO  da UCBVet Saúde Animal, está vivendo, desde que seguiu para morar em Wisconsin, no Meio Oeste dos Estados Unidos. O executivo já havia feito um estágio de dois meses no Serviço de Neurocirurgia do Children’s Hospital, em Harvard, mas resolveu dividir seu tempo entre o Brasil e os Estados Unidos com o objetivo de buscar soluções em produtos e sistemas inovadores para uma das empresas mais tradicionais da Veterinária brasileira, com 100 anos de existência,  cujo portfólio possui 57 produtos para o tratamento de cães, gatos, bovinos, suínos, ovinos, caprinos, equinos e aves. A UCBVet oferece antimicrobianos, anti-inflamatórios, analgésicos, antitóxicos, reconstituintes orgânicos, endectocidas, endoparasiticidas, ectoparasiticidas e hormônios. A empresa foi fundada em 1917, atua em todo o território nacional e exporta para países da América Latina e África.

“Minha vida é Ciência e, na área em que atuo, estou agora ao lado das melhores cabeças do mundo. Nós estamos em uma era com uma variedade enorme de oportunidades em termos de biotecnologia e computação. No momento, também estou pesquisando, apurando e me informando como funcionam os incentivos para empreender por lá. A priori, a ideia é algo na linha de desenvolvimento de produtos. O setor veterinário é muito regulado, tem outra velocidade. Então, nossa intenção é entender e selecionar quais tecnologias podem ser aplicadas no Brasil”, explica Marcelo Brunini.

O executivo está empolgado com os avanços tecnológicos que vem acompanhando nos Estados Unidos e com as novas possibilidades que estão surgindo a cada dia. “O poder computacional aumentou muito, é aproximadamente quatro vezes o que era há cinco anos. Já existem trabalhos em supercomputadores que conseguem simular tudo o que ocorre dentro de uma célula. São bilhões de informações, números que, agora, podemos analisar graças a este novo universo de equipamentos extremamente poderosos. A pesquisa em reprogramação celular já caminha para permitir que órgãos amputados possam ser recuperados. Analogamente, com a edição genética, poderemos fazer um boi dobrar de tamanho e produzir muito mais, num menor espaço e com menos impacto ambiental. Ou, quem sabe, criar um boi imune à Febre Aftosa ou a outras doenças, por exemplo. Sem falar nas várias empresas que estão investindo dinheiro para conseguir produzir carne de laboratório”, conta Brunini.

O presidente da UCBVet Saúde Animal carrega no sangue uma das histórias mais simbólicas da indústria veterinária nacional, que começou na Itália, por volta de 1850, quando seu  bisavô materno era ferreiro e fazia portões, carroças e ferrava cavalos. Assim, ele acabou criando alguns métodos de tratamento, unguentos e formulações que usava quando os animais adoeciam. Depois de morrer, sua esposa decidiu emigrar para o Brasil e trouxe com ela todas as anotações que ele havia feito. No início do século passado, o avô de Marcelo Brunini instalou-se em Jaboticabal para trabalhar com café e algodão. Ao mesmo tempo, para ajudar as fazendas da região, também desenvolvia fórmulas para tratar dos animais, como o pai, no porão da casa, onde hoje funciona o moderno laboratório de desenvolvimento  da UCBVet, fundada em 1917 com o nome de Uzinas Chimicas Brasileiras (UCB). Hoje, a corporação possui laboratórios em Jaboticabal, uma unidade de negócios em Ribeirão Preto, ambas no interior de São Paulo, e mantém uma equipe composta por profissionais altamente qualificados, que inclui médicos-veterinários, farmacêuticos, químicos, biólogos e zootecnistas.

E são estes mais de cem anos de dedicação à saúde e ao bem-estar dos animais que a UCBVet pretende usar para nortear os próximos passos dos negócios, na mesma velocidade do avanço tecnológico do primeiro mundo.  “Se observarmos apenas a Universidade do Wisconsin, no período de 2017-2018,  são US$ 3,0 bilhões de orçamento. Se juntarmos todas as universidades federais brasileiras, temos um orçamento de R$ 7,34 bilhões. Ou seja, uma única universidade americana tem um orçamento de quase o dobro de todas as universidades federais brasileiras. E com um resultado impressionante: saíram dali, até 2015, 19 ganhadores do prêmio Nobel. Mas o Brasil vai achar o seu caminho, por bem ou por mal. Sou brasileiro, amo o meu país, minha empresa está aqui, vim daqui. Às vezes, o melhor jeito de ajudar o país é ser crítico”, acentua.

Outro objetivo importante é auxiliar os produtores de proteína animal e os animais de estimação de consumidores que integram a carteira de clientes da empresa em vários países. Com uma ação centrada aqui, na realidade brasileira, e mais especificamente na Pecuária, que é um dos atuais pilares da economia nacional. “No setor em que atuamos, conseguimos perceber alguns pontos positivos. A produção de leite, por exemplo, segundo um relatório de projeções do Ministério da Agricultura, deverá crescer na próxima década em torno de 2% a 3% ao ano. Isso representaria um aumento de 34,5 bilhões de litros, registrados no ano passado, para até 48 bilhões de litros por volta de 2027. É um aumento expressivo e será baseado, principalmente, em melhorias nos modelos de gestão das fazendas e no ganho de produtividade dos animais, graças à melhorias genéticas, novas modalidades de manejo e análise de resultados, e muito menos no número de vacas em lactação”, observa Marcelo Brunini.

O executivo acrescenta que, na pecuária de corte, a produção total de carnes de frango, bovina e suína, que em 2017 foi de aproximadamente 28,5 milhões de toneladas, deverá atingir, em 2027, uma produção de 34,3 milhões de toneladas. “Isto representa um aumento de produção de 20,3%. Muitos produtores e frigoríficos já têm utilizado ferramentas de Big Data e Inteligência Artificial para analisar a imensa massa de dados geradas nesta cadeia e os resultados têm sido impressionantes. Por este motivo é muito importante entendermos que as coisas não vão acabar, vão se transformar com o passar do tempo. Empregos vão ser extintos, computadores vão realizar cada vez mais tarefas, mas sempre vamos precisar do ser humano para acionar e abastecer os equipamentos, estudar e aprender a vida toda, comandar todas as operações. Os avanços que estão acontecendo no mundo vão chegar aqui revolucionando setores inteiros, e isso pode acelerar os processos. Por fim, as autoridades brasileiras precisam se dedicar a um tema vital: a Educação. Os futuros governantes precisam dar atenção total a esse assunto”, conclui Marcelo Brunini.

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