Publique

Presidente da ASBIA aposta em inseminação artificial popular e avanço de exportação

O presidente da ASBIA, Sergio Saud, declarou ao BROADCAST AGRO, da Agência Estado, que popularizar as técnicas de inseminação artificial na pecuária brasileira e buscar novas aberturas de mercado no Exterior estão entre as metas da entidade para os próximos anos. Para Sergio Saud, o Brasil tem um grande potencial como exportador de genética e aposta na demanda de países, como México, para novos acordos comerciais.

Confira a entrevista concedida no dia 07 de novembro.

Popularizar as técnicas de inseminação artificial na pecuária brasileira, buscar novas aberturas de mercado no Exterior para a genética do País e impulsionar a produção nacional bovina são alguns dos objetivos do presidente recém-eleito da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Sergio Saud, empossado em outubro para mandato até 2019. Em entrevista ao Broadcast Agro, Saud afirmou que, em termos de melhoramento genético, a pecuária brasileira avançou significativamente nos últimos cincos, mas que agora a tecnologia precisa estar mais disseminada entre os produtores. Para ele, o Brasil tem um grande potencial como exportador de genética e aposta na demanda de países, como México, para novos acordos comerciais. No entanto, Saud afirma que 2015 e 2016 foram anos difíceis, principalmente para o setor leiteiro que deve apresentar uma retração significativa neste ano, em termos genéticos. A Asbia representa 95% do mercado brasileiro de inseminação artificial e tem atualmente 32 associados, entre empresas de inseminação artificial, de produção de embriões, de nutrição animal, associações de raça, além de laboratórios envolvidos na área de reprodução bovina.

Broadcast Agro: A partir da sua experiência na diretoria da Asbia desde 2010, quais são as mudanças que você pretende adotar agora como presidente e quais devem ser seus principais objetivos nesta gestão?
Sergio Saud: Eu já ocupava uma posição técnica na Asbia e formávamos uma equipe. O que buscamos é o fomento à técnica de Inseminação Artificial (IA) e vamos sempre procurar desenvolver ações que popularizem esta técnica que tem muito ainda o que crescer no Brasil. Onde o pecuaristas a desenvolve, temos resultados. Temos alguns desafios que entendemos que vão ser positivos para o mercado em geral. Queremos multiplicar os cursos sobre IA, para ampliar a mão de obra competente. Pretendo também iniciar conversações com empresas que produzem nitrogênio líquido, para facilitar a distribuição no Centro-Oeste e Norte.

Broadcast Agro: Como você vê a evolução do uso destas tecnologias de melhoramento genético no Brasil nos últimos cinco anos?
Saud: Evoluiu demais tanto na pecuária leiteira, como na de corte. Uma fazenda de corte que adota a IA, não registra simplesmente um avanço de melhoramento genético, mas também de manejo nutricional e outros fatores que geram resultados de reprodução e isso faz uma grande diferença, em função de toda “arrumação da casa” que se faz. Na leiteira, o uso é mais comum, mas ainda existem falhas na questão de observação de cio das fêmeas. Há ainda uma quantidade grande de vacas com intervalo de partos elevados. Isso causa divergências de resultados na propriedade e um volume enorme de leite deixa de ser produzido. É preciso ter um manejo reprodutivo de uma forma geral mais cuidadoso dentro das fazendas. Além disso, há também muita diferença no País, há regiões com alto uso de IA, como no Sul, e outras com um baixíssimo nível.

Broadcast Agro: Falando sobre a pecuária leiteira, como a Asbia vê a situação dos produtores atualmente, após um período de alta dos custos e de redução dos preços pagos aos produtores que levou a uma forte queda da produção?
Saud: O fim de 2015 e grande parte de 2016 foram uma situação totalmente atípica se olharmos o histórico da atividade, com queda do preço de leite (aos produtores) e alta do custo de produção de forma simultânea e por um período prolongado. Isso com certeza afetou demais o humor do produtor de leite e realmente tornou inviável algumas propriedades com menor capacidade de suporte, para passar esse período de dificuldade, e isso levou a uma retração do mercado. Então, esperamos que deve haver uma queda em 2016 (de IA), não porque o criador deixou de acreditar na técnica e simplesmente deixou de usar tecnologia, mas sim por uma questão de custos. Ele precisou cortar. Ele cortou não só o uso da IA, mas também a nutrição e, muitas vezes, teve de vender o gado. Para 2016, os números oficiais devem sair com o aval do Cepea, nosso novo parceiro, no início de fevereiro. Temos um pouco de reserva com o mercado leiteiro. Torcemos para que não chegue a dois dígitos, mas esperamos uma retração bem forte. O segundo trimestre foi bom para as empresas de genética de uma forma geral no mercado leiteiro, no entanto, quando veio julho, agosto e setembro foram meses difíceis para economia brasileira como um todo.

Broadcast Agro: A pecuária de corte deve seguir esta tendência?
Saud: Na de corte o cenário já é mais favorável. Passamos por um momento mais estável de preço de arroba ao longo do ano, não houve tantos saltos. Recentemente, tivemos uma pequena queda no preço do bezerro, o que para o pecuarista de cria, é um impacto, mas nada muito sensível a ponto de causar desestímulo a quem vinha utilizando as técnicas de IA. Percebemos que continua crescendo a técnica de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) que é um termômetro, assim como a venda de sêmen também em crescimento. Esperamos um crescimento moderado no segmento em 2016.

Broadcast Agro: O Brasil firmou uma série de acordos de exportação de material genético bovino recentemente como Moçambique, em janeiro deste ano, com Israel, no mês passado, além das recentes negociações com a Índia. Esta busca pelos mercados internacionais, aliás, tem sido uma das prioridades das últimas gestões do Ministério da Agricultura. Como a Asbia tem acompanhado este movimento?
Saud: Há uma procura muito grande por países principalmente do leste asiático. Temos recebido demandas de Bangladesh, da Índia, Paquistão, principalmente de material das raças de gir e girolando (usados pela pecuária leiteira, sendo a segunda um cruzamento entre zebuíno e gado europeu). Alguns países africanos também são mercado alvo para genética brasileira. Há ainda muito o que fazer, algumas negociações para simplificar o protocolo sanitário e tentar reduzir o tramite burocrático. Porém, há agora uma maior visibilidade da genética brasileira. O nelore (zebuíno) já começa a ter uma boa procura em países da América do Sul, como Bolívia, Colômbia, Paraguai. Temos de dar visibilidade para os negócios que estão acontecendo. Um recente acordo que nos interessa muito foi o da carne in natura para os Estados Unidos. Isso de certa forma traduz que há já outra postura em relação à questão sanitária do Brasil. Se há aval para carne, vai haver para o material genético. Não que os EUA sejam um grande mercado importador para genética brasileira. Agora, um país que está ávido pelo cruzamento de angus com nelore (produção cada vez mais comum no Brasil), para pecuária de corte, e querendo muito nossa genética leiteira de gir e girolando é o México, que segue protocolo sanitário semelhante aos dos EUA.

Jornalista: Camila Turtelli