Um dos criatórios mais tradicionais do País, a Prata Agropecuária acredita que o mercado para a raça continuará aquecido em 2019.
O uso da genética de animais Nelore Mocho vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) apontam para uma elevação de 42% nas vendas de sêmen entre 2014 e 2017, chegando a 253.312 doses vendidas em 2017. A comercialização de touros Nelore Mocho na porteira e nos leilões também segue aquecida. Na opinião do pecuarista Antônio Renato Prata, que é selecionador da raça há 57 anos, as vantagens proporcionadas pela ausência de chifre e as boas características produtivas levaram a esse interesse crescente pelo Nelore Mocho. “São animais precoces, férteis, rústicos, de bom ganho de peso e boa conformação frigorífica, mas com a vantagem de ocuparem menor espaço no cocho, reduzindo os riscos de lesões, e de serem manejados com maior segurança e facilidade. As fêmeas também são muito dóceis e de boa habilidade materna”, explica o proprietário da Prata Agropecuária, que seleciona a raça na Fazenda 2 Irmãos, em Tarabai/SP.
Na Prata Agropecuária, a seleção prioriza totalmente o caráter mocho, ou seja, somente touros sem chifre são usados nos acasalamentos. “É uma forma de mantermos a padronização racial do nosso rebanho. Trabalhamos com uma grande pressão de seleção, utilizando somente animais bem avaliados pelo PMGZ [Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos]. Outro cuidado que tomamos é evitar a consanguinidade”, esclarece o pecuarista.
O rebanho da Prata Agropecuária, cuja seleção começou em 1962, está entre os primeiros a ter animais inscritos no Registro Genealógico de Nelore Mocho da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). O rebanho é avaliado pelo PMGZ desde 1982. Entre as ferramentas de seleção utilizadas estão os relatórios de Eficiência Reprodutiva, o RDP (Relatório de Peso Calculado) e, também, o SIAG (Sistema de Avaliação Genética). De acordo com o técnico da ABCZ, Alisson Andrade de Oliveira, esses investimentos em melhoramento genético fizeram com que a seleção da Prata se destacasse no cenário nacional. “A oferta de touros melhoradores e com ótimas avaliações, principalmente para as DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) de crescimento, ou seja, DEPs de Peso à desmama (PD-ED), Peso ao Ano (PA-ED) e Peso ao Sobreano (PS-ED), todas de efeito direto, coloca a Prata Agropecuária na vanguarda do melhoramento genético da raça Nelore Mocho. Através dessa genética, além de aumentar a eficiência e a produtividade, com os animais escolhidos para continuarem no rebanho (Reserva e Reposição), a propriedade ainda consegue colocar no mercado excelentes produtos, que irão contribuir para a melhoria do rebanho nacional, tanto nos cruzamentos (industrial, por exemplo) quanto na obtenção de animais puros da raça Nelore Mocho”, assegura o técnico da ABCZ.
Desde a década de 1960, quando iniciaram os registros de Nelore Mocho na ABCZ, até os dias atuais, a entidade conta com mais de 830 mil animais Nelore Mocho com registro genealógico de nascimento, sendo o segundo maior entre todas as raças zebuínas. “Trata-se de um período ainda curto de seleção da raça, mas com resultados impressionantes para a pecuária brasileira. Como esse caráter é dominante [75% de chance de nascer mocho], a raça permite cruzamentos com o Nelore Padrão, obtendo ganhos genéticos para a criação de animais puros”, diz o proprietário da Prata Agropecuária.
Segundo ele, a qualidade dos animais Nelore Mocho tem sido determinante para elevar o número de rebanhos puros no Brasil. “Foi isso que me fez deixar de criar o Nelore Padrão para focar minha seleção apenas em animais Nelore Mocho. Hoje, o mocho é tão prestigiado quanto o padrão”, conta Prata. Juntos, Nelore Padrão e Nelore Mocho representam 80% do rebanho de corte do País.