Indústria de legumes, verduras e frutas quer aumentar o consumo e influenciar as novas gerações.
Ter saúde é comer mais frutas, legumes e verduras. E precisamos ajudar as novas gerações a acreditar nisso, apostando em uma vida mais saudável. O desafio foi lançado em São Paulo ,na presença de mais de sessenta empresas, durante o ‘PMA Fresh Connections’, evento organizado pela Produce Marketing Association (PMA) e que reuniu quase novecentos produtores e profissionais do varejo de frutas, legumes, verduras e fornecedores. É o terceiro maior encontro do segmento no mundo. A PMA é uma associação de produtos agrícolas frescos e flores, fundada em 1949, nos Estados Unidos, com a missão de conectar os interesses das cadeias produtivas do setor. A entidade conta com 2.800 empresas associadas, 46 mil compradores e fornecedores, em 55 países de cinco continentes. No Brasil, já são 77 associados, entre produtores, distribuidores e varejistas.
Para Cathy Burns, CEO do PMA, as tendências de consumo e as estratégias para melhorar a comunicação sobre saúde para o consumidor são claras. “Os pilares da nossa indústria são disrupção, segurança alimentar, talentos e as principais demandas do consumidor, como sustentabilidade e comércio digital. Temos que zelar pela segurança dos nossos produtos, não destruir o elo de confiança com o consumidor. Hoje, temos uma imensa oportunidade de aumentar o consumo com os produtos à base de plantas, como o hamburguer de legumes e vegetais, atender consumidores de orgânicos, vegetarianos, veganos ou que tenham qualquer tipo de restrição alimentar e encontra nos hortifrutis sua fonte de saúde e nutrição. Se 3% da população mundial é vegana, significa que o Brasil possui 30 milhões de vegetarianos e sete milhões de veganos declarados. Os demais querem saúde e precisam inserir hortifrutis nas refeições do dia. Se as pesquisas mostram que o consumidor quer praticidade, que tal fazer uma fruta cortada para o lanche?”, provoca a CEO da PMA.
Matheus Witzler, Responsável GlobalG.A.P. do Serviço Brasileiro de Certificações (SBC), explicou que é necessário enfrentar o desafio de aumentar os embarques da fruta brasileira. Hoje, o país é o terceiro maior produtor mundial, mas só destina ao exterior 2,5% deste total. “As empresas precisam usar novos mercados e ajudar a aumentar a renda do produtor. E o primeiro passo nesse sentido é buscar uma certificação. Os mercados lá fora querem boas práticas de produção, sustentabilidade, padronização, segurança alimentar, rastreabilidade. Atuamos com GlobalG.A.P., que é o protocolo base para atingir este mercado. Nosso trabalho é mostrar que não é difícil. O produtor brasileiro está em um nível muito bom”, raciocina Matheus Witzler.
Uma pesquisa mostrou que o brasileiro consome frutas em todas as refeições, principalmente como suco. Já verduras e legumes são usados como acompanhamento de carnes no almoço e jantar. As pessoas só não consomem mais por falta de tempo de descascar e higienizar os hortifrutis. Por isso, a indicação é ofertar ao consumidor porções em embalagens mais adequadas, fácil de consumir a qualquer hora e com apelo de saúde.
Outra ação que merece atenção é o comércio eletrônico. Os estudos apontam que 35% dos consumidores farão suas compras pela web até 2022. “A comida é moeda de troca na internet. Diariamente são postadas 343 milhões de imagens de comida com #food”, conta Cathy Burns. A demanda de consumidores preocupados com a própria saúde e com a do planeta, em especial os millenials e os da geração X, tomam decisões de compra levando em conta a sustentabilidade, contenção de resíduos, justiça trabalhista e boas práticas com o meio ambiente.
Negócio que atrai o apetite de fundos internacionais de investimentos, como o ACTIS, que mantém 2,5 mil lojas no Brasil e pretende abrir outras dez ainda este ano. “A cara do varejo desse segmento vem mudando bastante. As lojas estão mais estruturadas para atrair os novos consumidores. Investimos em qualidade, promoções, produtos mais consistentes. Afinal, o consumidor exige frescor, inovação, produtos práticos e saudáveis”, explica Patrick Ledoux, do ACTIS. Ele ainda apontou as características principais dos clientes que agora entram nesse ponto de varejo de saúde: gente jovem, esportistas, homens comprando mais e que visitam a loja mais vezes.
“A parceria entre fornecedores e varejistas precisa ser muito grande, para podermos atender o consumidor do futuro. Afinal, não vendemos um produto e sim uma vida mais saudável, mais natural”, resumiu Priscila Rodrigues, do fundo Crescera Investimentos. “Estamos assistindo à chegada do consumidor consciente. Ele quer sustentabilidade, transparência e boas práticas. Prefere orgânicos, não quer defensivos químicos, tem preocupação social e necessitam de embalagens processadas, pré-processadas, alimento pronto para o consumo. E vai procurar por isso onde for. E pagar quanto for”, conclui Gonsalo Fernandes, do Partners Group. “A Fruticultura é o setor que mais se aproximou do consumidor. O produtor sabe o que o cliente quer e isso é fantástico. Isso acelera todo o processo de agregação de valor. Basta aproveitarmos as pessoas e os grandes players”, conclui Matheus Witzler.