A campeã Phibro Saúde Animal e a Usina São Manoel, melhor em gestão corporativa, apostam na mão de obra para melhorar o desempenho operacional e crescer
Agronegócio direto | médias empresas
Nos últimos três anos, a economia brasileira tem sido marcada por um enredo de alta volatilidade do dólar, queda no consumo e uma brutal instabilidade política. Um dos únicos setores que têm fugido à regra é o agronegócio, sobretudo a pecuária, como ocorreu em 2015 na pecuária. O Valor Bruto da Produção (VBP) do setor cresceu 5,3% ante 2014, chegando a R$ 184,6 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), enquanto a economia patinava. A subsidiária da americana Phibro Saúde Animal, empresa da área de nutrição animal, com sede em Guarulhos (SP), foi uma das que souberam aproveitar as oportunidades de crescimento do agronegócio. “O comprometimento da equipe de vendas fez com que a gente superasse o cenário ruim do País”, afirma o veterinário Stefan Mihailov, presidente da empresa. “O foco foi buscar resultados consistentes, e conseguimos.”
No ano passado, a Phibro Saúde Animal faturou R$ 312,8 milhões, 12,8% acima da receita de R$ 277,4 milhões obtida em 2014. Com tais resultados, pela segunda vez consecutiva a empresa é a melhor do ano no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2016 na categoria Agronegócio Direto – Médias Empresas. E também ficou em primeiro lugar em Gestão Financeira.
Com duas fábricas em São Paulo, uma em Bragança Paulista e outra em Guarulhos, a Phibro produz aditivos alimentares que melhoram o desempenho e a absorção dos nutrientes nas dietas de rebanhos de aves, suínos, bovinos, peixes e crustáceos. “Crescemos porque os profissionais que atuam na empresa se tornaram especialistas em levar soluções aos produtores”, diz Mihailov. “Não estamos aqui para vender produtos, simplesmente.” A Phibro possui atualmente 344 funcionários, dos quais 31 são veterinários e zootecnistas que funcionam como consultores que atuam diretamente nas fazendas. A estratégia tem dado certo. Na bovinocultura de corte e de leite, por exemplo, o rebanho tratado com produtos da empresa passou de 4,5 milhões de animais em 2014, para cerca de seis milhões em 2015. Este número representa 2,8% do rebanho nacional de 215 milhões de animais, segundo o IBGE. Atualmente, o segmento de bovinos representa 45% do faturamento da empresa.
Para o diretor financeiro da Phibro, José Freitas, a adoção de algumas estratégias financeiras, visando ajudar o produtor na gestão de seu negócio, foi essencial para o crescimento da empresa. A companhia, que já adotava o conceito de venda personalizada, reforçou essa ideia em 2015. Por exemplo, para a Phibro, não há a necessidade de formação de estoque por parte do produtor. “Este é o nosso conceito de comercialização saudável, o que representou também economia por parte do pecuarista”, diz Freitas. Isso fez com que a empresa vendesse mais, cativando o produtor, além de resolver uma questão industrial. Como a companhia produz a partir de insumos importados, a definição exata da demanda e do volume a ser fabricado permitiu uma negociação melhor de seus insumos. Assim, com matérias-primas mais competitivas foi possível um maior controle de seu custo operacional. Não por acaso, a operação fez com que seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) crescesse 50%, chegando a R$ 87 milhões em 2015. Foi o maior crescimento registrado pela empresa, desde o início de sua operação no País em 1995.
Mas não foi somente na Phibro que uma equipe de profissionais bem alinhada fez a diferença nos negócios. O mesmo ocorreu na Usina Açucareira São Manoel, fornecedora de açúcar industrial para gigantes como a Coca-Cola e a Kraft Heinz, e produtora de etanol, no município de São Manuel, também no interior paulista. Por seu desempenho, ela obteve primeiro lugar em Gestão Corporativa em Agronegócio Direto – Médias Empresas no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2016. Para o executivo Carlos Dinucci, presidente da São Manoel, o pilar da gestão do negócio tem sido a sua mão de obra. “A empresa olha para as pessoas”, diz Dinucci. “O caminhão ou uma máquina é igual para todo mundo. O que muda é quem faz a operação.” A equipe afinada garantiu uma moagem de 3,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2015/2016, volume 20,7% acima da safra 2014/2015. O incremento da produção rendeu 13% a mais de açúcar, com 226,7 mil toneladas, e 13,8% a mais de etanol, chegando a 160,7 milhões de litros. O bom desempenho levou a uma alta de 35,5% na receita da usina em 2015, fechando o ano em R$ 523,7 milhões.
Fundada em 1949, a Usina São Manoel atua em 11 municípios do interior de São Paulo, onde controla 47 mil hectares de cana-de-açúcar. É, também, uma das 35 usinas que formam a Copersucar, uma das grandes cooperativas mundiais de açúcar e etanol. Além de conquistar certificações internacionais, como a do Padrão de Produção e Cadeia de Custódia da inglesa Bonsucro e da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, a empresa investe no crescimento profissional de seus 2,4 mil funcionários para manter seus indicadores no azul. Em 2015, por exemplo, a São Manoel investiu cerca de R$ 1,5 milhão em 107,8 mil horas de treinamento de seus funcionários. Por ano, cada trabalhador teve, em média, 44,1 horas de cursos, entre eles manutenção autônoma de equipamentos e de operação de máquinas. A companhia, que trabalha com agricultura de precisão, conta com equipamentos, como caminhões, tratores e colhedeiras de cana com sensores de bordo e GPS. “Dependemos de pessoal qualificado para toda a nossa operação”, diz Dinucci. “Porque só iremos em frente se os equipamentos forem bem manuseados por profissionais bem capacitados.”