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Personalidade do ano ABC | Fernando Cardoso

Fernando Penteado Cardoso é Personalidade do Ano 2015 da ABC

Não é possível falar qualquer coisa da condição de “celeiro do mundo” – quando tratamos de Brasil e sua ascensão internacional na produção de alimentos, hoje como protagonista – sem citar o nome Fernando Penteado Cardoso. Com “Fernando tudo dá”. Este é o pai da revolução verde do Brasil.

Nascido em São Paulo, a 19 de setembro de 1914, filho de Odon Lima Cardoso e Rita de Cássia Penteado Cardoso, Fernando é viúvo, pais de seis filhos e possui vinte netos e 34 bisnetos. Na sua formação básica, frequentou escolas como a Modelo Caetano de Campos, o Colégio São Luiz dos Padres Jesuítas, até graduar-se como engenheiro agrônomo no ano de 1936 na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP-ESALQ, em 1936.

Daí parte o meteoro Fernando Penteado Cardoso. Foi sub-inspetor agrícola da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo por quatro anos, com estágio nos EUA, sócio do Escritório Técnico Agrícola (ETA) e administrador rural da Fazenda Monte Alegre em Descalvado/SP. Mas em 1942, fundou e foi diretor da F. Cardoso & Cia. Ltda. Já no setor de fetilizantes. Foi quando em 1947 iniciou as operações da Manah S.A (fertilizantes e pecuária de corte), presidindo-a até o ano de 2000. Quem não se lembra de “Com Manah, adubando dá”.

Como empresário rural (fazendeiro como ele gosta de falar) desenvolveu atividades em São João do Ivaí/PR (1953/57), Casa Branca/SP (1974/88), Brotas/SP (Manah-1968/00), Santana/PA (Manah-1970/00) e Mogi Mirim/SP (1958 até os dias atuais).

À parte sua trajetória como empresário, Fernando Penteado Cardoso militou em várias entidades de classe, deixando legado em diversos setores. Fundou e presidiu a Associação Rural e Cooperativa Agrícola de Descalvado/SP. Dirigiu a Federação das Associações Rurais do Estado de São Paulo. Também dirigiu e presidiu o Sindicato da Indústria de Adubo do Estado de São Paulo. Foi membro do Conselho Consultivo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; do Conselho Consultivo da Federação Brasileira do Plantio Direto na Palha – FEBRAPDP; e ainda hoje compõe o Conselho Superior de Meio Ambiente – COSEMA da FIESP, desde 1999, e o Conselho Superior do Agronegócio – COSAG da FIESP, desde 2008.

Como homem público, foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo (1964); presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, USP (1980); membro do Conselho do Fundo de Pesquisa do Instituto Biológico do ESP – (1959/1970); da Comissão Central de Compras do Estado de São Paulo; do Conselho de Revisão Agrária do Estado de São Paulo; do Alto Conselho Agrícola do Estado de São Paulo; e ainda do Conselho Assessor da EMBRAPA.

Mas sua capacidade de realizar extrapolou as fronteiras do Brasil. Fernando Penteado Cardoso foi delegado da Agricultura junto ao Conselho Interamericano de Produção e Comércio, Chicago/EUA; membro fundador das Conferências Latino-Americanas para Produção de Alimentos – IMC/EUA e também do Conselho Diretor do Instituto Internacional para Desenvolvimento de Fertilizantes – IFDC, Muscle Shoals, AL/EUA.

Com tantas atribuições, ainda reservou bom tempo para as atividades sociais. Nosso homenageado foi membro do Conselho e Diretor da Fundação Santa Cruz (ensino secundário), de São Paulo/SP; diretor do Centro de Proteção à Infância e Maternidade, em Taboão da Serra/SP; membro “Benfeitor” da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; e ainda presidente da Fundação Agrisus – Agricultura Sustentável (instituída por sua família)  de 2001 até 2012, quando se tornou seu presidente honorário.

Não é preciso muitas palavras para explicar que tal trajetória vem rendendo inúmeras homenagens a esta personalidade mundial. Fernando Penteado Cardoso recebeu o prêmio “Epitácio Pessoa”, ainda muito jovem, como 1º colocado na USP-ESALQ (1936); a Comenda da Ordem do Ipiranga – Estado de São Paulo (1981); a Grande Medalha da Inconfidência – Estado de Minas Gerais (1996); os diploma de “ Agrônomo do Ano 1989 ” pela Associação Eng. Agrônomos Estado de São Paulo; de Sócio Benemérito Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (1991); de Mérito Pecuário da Associação Brasileira de Criadores de Zebu – ABCZ (1999) e de Destaque Pecuário da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil -ACNB (2000). Recebeu ainda o prêmio Mérito Científico e Tecnológico do Governo do Estado de São Paulo (2001); e outros diplomas como o de Mérito Especial da Associação de Plantio Direto no Cerrado – APDC (2003); de “Personalidade do Agribusiness Brasil 2005 – ABAG (2005); de “Personalidade do Agronegócio 2006 – IAC – (2006); e de “Destaque Dado ao Agronegócio Brasileiro”- CONFAEAB (2007). Também foi condecorado com a Medalha “Luiz de Queiroz” – USP-ESALQ (2008), agraciado com o Prêmio “O Semeador” (bronze) – USP-ESALQ (2009); e o Diploma de Reconhecimento – Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” – IAC (2013).

Em 2007, Fernando Penteado Cardoso recebeu o prêmio da Associação Brasileira de Criadores de Personalidade do Ano na Pecuária de Corte. Na ocasião, ele deixou as seguintes palavras:

“Eu vejo, com certa preocupação, um regresso da nossa pecuária.

A pecuária [de corte] não passa de uma transformação da forragem, seja do capim, em carne.

E nós vemos as pastagens gradualmente perdendo sua capacidade de sustento, o que é natural, pois o solo vai perdendo a fertilidade.

E, na hora de recuperar a fertilidade, tem predominado a opção pela agricultura sobre a opção de gastar dinheiro com fertilizantes para essa recuperação, pois essa é a única maneira de resolver o problema.

Ao tempo em que as pastagens decaem e se reduzem pela substituição, procura-se evitar a adição anual de milhares ou milhões de hectares de pastos novos formados em floresta. Quem conhece pasto novo formado em floresta, como em Alta Floresta, por exemplo, entende o que significa a entrada de milhões de hectares de novas áreas, anualmente, somando-se, ano após ano, como vem acontecendo nos últimos 20 a 30 anos.

Essa somatória está sendo reduzida pelas ideias novas de preservação da floresta e da Amazônia. De modo que eu não duvido nada que, por falta de pasto, venha a faltar bezerro que é a matriz da carne. E que a carne volte a ser um produto reservado para o consumo interno, em prejuízo das exportações”.