Bruno Blecher é Personalidade do Ano da ABC na categoria Mídia
Natural de São Paulo capital, mas criado em São Caetano do Sul (SP), Bruno Blecher, 62 anos, é jornalista dos mais conceituados do agronegócio brasileiro e atual editor da “Globo Rural”, publicação com 30 de existência e das mais tradicionais do setor, com grande penetração. Blecher assumiu o cargo em 2011 com a missão de conferir linha editorial mais técnica e mercadológica. É ainda comentarista de agronegócio da rádio CBN desde 2012.
Casado e pai de um universitário, formou-se em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, tradicional na formação desses profissionais, na década de 70. Mas antes cursou meses de Economia e Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde chegou a presidir o Centro Acadêmico “22 de agosto”. Em função desse envolvimento, militou nas organizações política-estudantis da época. O atual ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, foi seu sucessor.
Mas percebeu que se continuasse na militância política, o futuro estaria comprometido. Transferiu-se para a Cásper com a promessa de concluir o Direito mais na frente. Concluído o curso de Jornalismo, trabalhou no house organ do Unibanco e depois em um do Itaú, especializado no setor rural, voltado aos clientes do crédito agrícola. Começavam os anos 80.
Em 1986 foi contratado pelo “O Estado de São Paulo”, o “Estadão”, como é mais conhecido. Seu trabalho era no “Suplemento Agrícola”, onde permaneceu até o final de 1990. Daí seguiu como repórter para o caderno “Agro Folha” do jornal “Folha de S. Paulo”. Tornou-se editor e assim prosseguiu até o fechamento do caderno, em 2002.
Nos anos seguintes, empresariou seu trabalho com assessoria de imprensa especializada e foi redator chefe da revista “Agroanalysys”, publicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Blecher foi seu responsável por oito anos. Também trabalhou por um ano no Canal Rural. Enfim, chegou à “Globo Rural”. Como cidadão, a base do profissional reconhecido que é, o jornalista esteve recentemente em Madrid, na Espanha, e soube que no país o Ministério da Agricultura, também é da Alimentação, Pesca e Meio Ambiente. Pensou:
– Por que no Brasil não é assim?
“Agricultura tem tudo a ver com meio ambiente. No Brasil, encontram pastas separadas e com ideologias antagônicas, dissociadas, sem qualquer afinidade. Parecem redutos de torcida organizada: ambientalistas e ruralistas. Entendo que tudo é uma coisa só, que a natureza não é divisível. Ela é única e inteira. O produtor rural que acessa o conhecimento tem plena consciência ambiental, pois ele sabe que sobrevive da terra, do que a natureza pode dar. O problema é de educação e não de uma guerra ideológica. Quem produz inserido no sistema o faz com sustentabilidade. Avalio e torço que em duas décadas, esta dicotomia não mais existirá. Todos precisamos comer, matar a sede e respirar”.
E Blecher vai mais longe. Na condição de celeiro do mundo, o Brasil “deve estar preparado com tecnologia própria para os trópicos e critérios sustentáveis”. Cita como exemplo a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF). “Trata-se de conhecimento adquirido e que se difunde rapidamente. O caminho é por aí. O País é continental, rico em diversidades em todos os níveis, do clima a espécies animais e vegetais – até mesmo etnias. Portanto, nossa biodiversidade é nossa maior riqueza, fonte de respostas para uma produção de alimentos saudáveis e abundantes”.