Quase três meses após arrendar o frigorífico de bovinos da Arantes Alimentos em Pontes e Lacerda, na região sudoeste do Mato Grosso, a Marfrig Global Foods, segunda maior empresa de carne bovina do país, decidiu abrir a unidade. Para tanto, vai contratar cerca de 700 funcionários. O frigorífico, que está fechado há alguns anos, poderá abater em torno de 700 bovinos por dia.
De acordo com a Marfrig, a planta será reaberta neste primeiro trimestre de 2018. “A decisão está alinhada ao objetivo estratégico da companhia de ter a opção de melhorar o ‘footprint’ [parque fabril] no Estado com o maior rebanho do Brasil”, informou a empresa, em nota.
Desde meados do ano passado, a Marfrig já reabriu cinco frigoríficos no Brasil: Pirenópolis (GO), Nova Xavantina (MT), Paranaíba (MS), Alegrete (RS) e Ji-Paraná (RO). Considerando também Pontes e Lacerda, o sexto frigorífico que será reaberto, a Marfrig terá aumentado sua capacidade de abate em quase 80%, para 345 mil cabeças por mês. O negócio de carne bovina representa pouco mais de 50% do faturamento anual de cerca de R$ 20 bilhões da Marfrig Global Foods.
Apenas a expansão da Marfrig em um semestre criou o equivalente à quarta maior indústria de carne bovina do Brasil. A reabertura das seis plantas refletem a maior oferta de gado bovino no país, depois de anos de restrição de oferta em razão da retenção de vacas para a produção de bezerros. De acordo com a companhia brasileira, a reabertura do frigorífico de Pontes e Lacerda ocorrerá “graças à melhoria do ciclo de bovinos e do atual cenário do mercado doméstico”.
Em entrevista ao Valor em novembro passado, o CEO da Marfrig, Martín Secco, enfatizou a relevância da recuperação do mercado brasileiro para a expansão da companhia. De acordo com o executivo, a maior disponibilidade de boi gordo e a retomada do consumo levou a empresa a lançar uma linha de cortes de carne bovina voltados para o dia a dia com a marca Montana. Antes disso, a marca só tinha cortes para churrasco.
Apesar de ser a empresa que fez o movimento mais agressivo, a Marfrig não foi a única a expandir a capacidade de abates para aproveitar a maior oferta de gado bovino e o consumo mais aquecido. Empresas de menor porte em Mato Grosso também reabriram unidades, assim como frigoríficos médios como o Frigol e grandes como a Minerva Foods.
Até a JBS, que enfrentou muito dificuldades nessa frente de negócios no ano passado devido à delação dos irmãos Batista, também se movimentou. Na semana passada, retomou os abates no frigorífico de Goiânia, que ficou três meses parado para reformas.