Por Sílvia Sibalde, do Cenário Agro
“A ideia do projeto surgiu em 2012 quando participei do Congresso Internacional de Lácteos, na África do Sul, ocasião em que foi apresentado um programa parecido. A pesquisa fazia um estudo comparativo, em termos nutricionais e econômicos, com comida de rua, largamente consumida por lá, e produtos lácteos”, conta Kennya Siqueira, engenheira de alimentos com doutorado em economia aplicada e também pesquisadora da Embrapa Gado de Leite. “Voltei pro Brasil e, em conversa com colegas, vimos que havia uma demanda deste tipo na área de nutrição associada à economia por aqui”, completou.
No final de 2015, uma equipe da Embrapa Gado de Leite em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) iniciou uma pesquisa para analisar o custo benefício dos lácteos, em termos econômicos e nutricionais em comparação a outros produtos típicos da dieta brasileira. “Hoje no Brasil, um dos fatores que tem maior influência na escolha alimentar das pessoas ainda é o preço”, diz a pesquisadora.
O estudo utilizou como base a tabela nutricional e os produtos listados na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009 do IBGE. Foram investigados 443 produtos, entre alimentos e bebidas, consumidos pelos brasileiros. Destes, 43 eram produtos lácteos. “Fizemos a coleta de preços em abril e em outubro de 2016. Foram coletados os menores preços de todos os produtos em 16 supermercados virtuais de 10 estados brasileiros”, informa Kennya.
“Selecionamos oito nutrientes essenciais para a saúde humana (proteína, cálcio, fibra, ferro, vitaminas A, C, D, E) e para cada um deles foi feito um ranking”, explica a pesquisadora. De acordo com a especialista, a seleção desses nutrientes foi baseada na definição de alimento saudável da agência americana Food and Drug Administration e também nas deficiências nutricionais da população brasileira, segundo o IBGE. Foi considerado ainda o atendimento de 30% das recomendações diárias de um adulto saudável.
“Os resultados nos mostraram que os produtos lácteos, além de fazerem bem para saúde, têm custo baixo”, diz. O estudo apontou que a maioria dos produtos lácteos supre as necessidades de um indivíduo a um custo inferior a R$ 5,00. O leite integral, por exemplo, pode suprir 30% das necessidades de cálcio de um adulto saudável ao custo de R$ 0,97.
Os derivados do leite também ocuparam as primeiras posições no ranking de custo da vitamina D e obtiveram boa colocação no ranking de proteína e vitamina A. Quanto à proteína, o leite integral perdeu apenas para carnes, amendoim moído e ovo de galinha. Em relação à vitamina A, o lácteo mais bem colocado foi o creme de leite, seguido pelo leite em pó desnatado, leite semidesnatado, manteiga e requeijão. A tabela traz que o custo para se adquirir 30% das necessidades diárias de vitamina A com derivados lácteos é de menos de R$ 2,00. Com o mesmo valor, adquire-se também 30% de vitamina D, consumindo leite pasteurizado, integral, semidesnatado e desnatado; ou leite em pó (desnatado e integral).
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