Leite A2A2, para alérgicos, é tendência de mercado

O Rio Grande do Sul estuda dar início à produção de leite do tipo A2A2, destinado a consumidores que têm alergia ao alimento. O assunto, tratado durante o 4° Fórum Itinerante do Leite, realizado nesta quinta-feira (1/6), em Palmeira das Missões, será tema de reunião do Sindilat nesta sexta-feira (2/6). Segundo a médica veterinária e consultora da Ceres Qualidade, Roberta Züge, que participou do painel Mercado, Consumo e Inovação, produtores do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo já estão fazendo testes genéticos para identificar e segregar os animais que produzem leite sem a proteína que causa a reação alérgica.

A novidade, que já é realidade em países como Austrália e Nova Zelândia, deve chegar ao país em um ano, estima Roberta. Na avaliação da técnica, esta é uma oportunidade para produtores e indústria. No Brasil, há pelo menos três laboratórios que já realizam o teste de genoma das vacas para verificar os animais capazes de produzir o leite A2A2. Com isso, explica Roberta, os produtores podem direcionar acasalamentos para obter rebanhos capazes de produzir esse leite em escala.

Com público recorde de mais de 2,2 mil pessoas, o evento reuniu no Dia Mundial do Leite (1/6), produtores, representantes da indústria, comunidade acadêmica e público em geral. O 4º Fórum Itinerante do Leite foi realizado na Escola Técnica Estadual Celeste Gobbato por iniciativa do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) com apoio do Fundesa, Farsul, UFSM, Seapi e Canal Rural.

Roberta frisou que oferecer o leite A2A2 implica em ter alto controle sobre a segregação da produção uma vez que ele se destina a pessoas com limitações alimentares. A inovação também foi salientada pelo secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. De acordo com ele, produzir lácteos diferenciados é o caminho para ampliar mercado e unir as pontas da cadeia pela expansão do setor.

A valorização das marcas na gôndola do supermercado é vista pelo executivo como essencial para a expansão da produção e valorização dos produtos lácteos. “É importante passar aos produtores que há um foco na produção de leite. Precisamos mostrar a força que significa reunir aqui mais de 2,2 mil pessoas. As inovações de produtos são essenciais para nosso setor”, concluiu Palharini.

O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, abriu o evento destacando que o desafio do setor é fazer com que o Brasil deixe de ser um importador de lácteos para se transformar em exportador. Para isso, pontua ele, é preciso expandir o mix de produtos e lucratividade a toda a cadeia produtiva, que gera renda a mais de 100 mil famílias em 95% do território do Estado. “A expectativa desse fórum é gerar conhecimento prático para que seja utilizado nas propriedades pare atingir nossos objetivos”, frisou. Segundo Guerra, as importações aumentaram 20% de janeiro a abril deste ano. Contudo, a redução dos custos do leite no campo abre espaço para retomada do aumento de produção, hoje na casa dos 12 milhões de litros por dia.

O diretor da Farsul, Jorge Rodrigues, frisou a importância desse crescimento vir acompanhado de renda ao produtor e que se evite a redução de preços que sempre acompanha a elevação da captação.

O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, pontuou que crescer passa por olhar ao mercado internacional. “Nesse cenário, dois pilares são fundamentais: qualidade e competitividade”. Além disso, frisou ele, é essencial dar atenção à questão saúde animal, um aspecto que vem sendo trabalhado com força pelo Rio Grande do Sul, onde o setor agroindustrial vem dando foco à assistência aos produtores além do apoio do serviço veterinário oficial.

Acompanhando a abertura do evento, o secretário da Agricultura, Ernani Polo, reformou a importância social do leite no Rio Grande do Sul. Segundo ele, os avanços obtidos com a Lei do Leite são essenciais para alinhar esse futuro do setor lácteo, principalmente na profissionalização do transporte do produto.

Focado no debate sobre os mitos e verdades sobre o consumo do leite, o 4º Fórum Itinerante do Leite ainda destacou os benefícios do produto. “Precisamos nos alimentar. E nos alimentar bem passa pelo leite”, pontuou a professora de Tecnologia de Leite e Derivados da UFSM, Neila Richards. Segundo ela, que também é presidente da AGL, até os 20 anos é essencial consumir leite para garantir formação dos ossos e dos dentes. Conforme a engenheira de alimentos da Emater, Bruna Bresolin Roldan, no âmbito da agricultura familiar, o desafio é manter a tradição que caracteriza os produtos da agricultura familiar e, ao mesmo, inovar.

Oficinas

Depois de uma manhã de debates em Palmeira das Missões, à tarde a programação do 4º Fórum Itinerante do Leite contou com seis oficinas temáticas. Os visitantes se dividiram em grupos para aprofundar conhecimentos sobre temas específicos. A maior das oficinas debateu a “Produção de Leite e Gestão da Propriedade”, e reuniu cerca de 1.000 produtores. As demais oficinas trataram de “Nutrição e Reprodução de Vacas em Lactação”, “Compost Barn na Integração Lavoura-Pecuária”, “Ferramentas de informática aplicadas na gestão”, “Sucessão Familiar na Atividade Leiteira” e “Formas de Agregar Valor ao Leite”.

As informações são do Sindilat.

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