Agricultores brasileiros já trabalham sob a norma atualizada para comercializar com os países mais exigentes e produzir com menos resíduos de agrotóxico e com segurança total.
Os cerca de quinhentos produtores brasileiros que são certificados GLOBALG.A.P. para atender o exigente mercado da União Europeia, desde a virada do semestre, já estão cumprindo a atualização da norma, a mais importante certificação internacional de Boas Práticas Agrícolas para exportação de frutas, legumes e verduras dirigida aquele mercado. O protocolo publicou uma nova versão, a 5.2, em fevereiro deste ano, enfatizando a preocupação cada vez maior com a segurança alimentar dos produtos e dos consumidores. E os produtores e as certificadoras precisam seguir as novas diretrizes desde agosto.
Basicamente, três pontos foram reformulados, todos voltados essencialmente para a segurança dos alimentos e dos consumidores finais. O primeiro trata das informações que precisam integrar os rótulos das embalagens, envolvendo substâncias que podem causar alergias e contaminações, além de conservantes. “Isso é um ponto muito importante da nova versão para os fruticultores atenderem. Elas são questões obrigatórias exigidas pela legislação das nações que compram dos países exportadores. Os produtores precisam saber antes e se adequar às regras. Geralmente, a rotulagem é enviada pelos importadores, que ilustram o que deve constar. Porém, os exportadores devem ficar atentos e conhecer muito bem os insumos utilizados no seu sistema produtivo e todas as moléculas que não devem ser usadas”, esclarece Matheus Modolo Witzler, Responsável Técnico GLOBALG.A.P. do Serviço Brasileiro de Certificação (SBC), empresa que trabalha na certificação de produtores de frutas, vegetais e grãos que exportam para os mais exigentes mercados internacionais, sob o escopo da certificação GLOBALG.A.P..
A norma ainda trata dos procedimentos para os produtos considerados não conforme. O produtor precisa comprovar salvaguardas para garantir ao cliente comprador e ao consumidor final ações de segurança alimentar. E ainda torna obrigatória conhecimento dos auditores e inspetores GLOBALG.A.P. no GFSI (Global Food Safety Iniciative). O GLOBALG.A.P. faz parte de todos os mais importantes protocolos de boas práticas agrícolas e querem que os auditores e inspetores conheçam os requisitos GFSI. “E os auditores e inspetores terão de fazer uma prova de avaliação para comprovar que conhecem a fundo os termos do GFSI. É mais um passo, muito importante, dado pelo protocolo no sentido de garantir ao consumidor a segurança dos alimentos. É o agricultor produzir com mais segurança ainda”, reforça Matheus Modolo Witzler.
O executivo do SBC Certificações participou de um treinamento especial em Petrolina (PE), no início deste mês, para conhecer e entender as modificações implementadas na Certificação GLOBALG.A.P., que surgiu há vinte anos, está presente em mais de 160 países e atende supermercados e redes de varejo europeus que desejam comprar produtos que sigam requisitos sociais de segurança alimentar e proteção ambiental. O treinamento foi ministrado pela empresa ‘Train to Comply’ e dirigido a produtores, certificadoras, consultores e inspetores. “Foi uma ótima oportunidade para aprendermos bem como interpretar corretamente a Versão 5.2 do protocolo, saber como as certificadoras estão trabalhando, ouvir os fruticultores e conhecer novos projetos e consultores. Dois dias muito intensos e proveitosos”, conta Matheus Witzler.
Matheus voltou a Petrolina nesta semana, onde participou da reunião anual da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS), realizada dentro da programação do Congresso Brasileiro da Fruticultura. “Somos associados da entidade desde o início do ano e pela primeira vez marcamos presença no evento. Atualizamos as informações sobre os países importadores das nossas frutas e grãos e prosseguimos na discussão sobre um importante projeto conjunto, a criação do protocolo ‘Frutas do Brasil’, que vai orientar os produtores e estreitar ainda mais os laços de nossosprodutos com as exigências de fornecedores e consumidores mundiais”, adianta Matheus Witzler.
O mercado brasileiro exportador de frutas pelo protocolo GLOBALG.A.P. envolve aproximadamente quinhentos produtores. Pernambuco é o principal estado comercializador, com metade dos exportadores dentro da certificação GLOBALGAP. Em segundo vem São Paulo e em terceiro a Bahia. O SBC Certificações já está auditando os processos dos fruticultores na nova versão do protocolo. A empresa trabalha atualmente com 20 produtores de limão, uva, figo, laranja, manga e soja. Em propriedades dos estados de São Paulo, Pernambuco e do Piauí. “Nossa meta é atingir pelo menos oitenta produtores até 2023. E o grande passo que pretendemos dar é entrar em Pernambuco com nossa equipe de auditores e atuar mais forte ainda na Fruticultura, ao lado da Abrafrutas”, informa Witzler.
Para isto, o SBC vai estruturar ações conjuntas com o IBD Certificações, empresa 100% nacional, maior certificadora da América Latina de produtos orgânicos e a única certificadora brasileira de produtos orgânicos com credenciamento IFOAM (mercado internacional), ISO/IEC 17065 (mercado europeu-regulamento CE 834/2007), Demeter (mercado internacional), USDA/NOP (mercado norte-americano) e aprovado para uso do selo SISORG (mercado brasileiro), o que torna seu certificado aceito globalmente. Além dos protocolos de certificação orgânica, o IBD oferece também certificações de sustentabilidade: RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil), UEBT (Union for Ethical BioTrade), Fair Trade IBD, UTZ (café, cacau), RFA (Rainforest Alliance), 4C (café), ISCC e FSA by SAI Platform. A empresa tem sede em Botucatu (SP) e atua em todos os Estados brasileiros, além de cerca de 30 outros países. As duas empresas pretendem atuar juntas em todas as questões envolvendo certificações de sistemas produtivos de frutas visando à exportação. “E tudo passará pelo SBC, que é a empresa associada à Abrafrutas”, pontua o executivo do SBC. Matheus acrescenta que todos que fazem parte da cadeia necessitam estar atentos, até porque a Europa quer que o resíduo de agrotóxico nas plantas seja cada vez menor. “O futuro que estamos falando é de alimentos com cada vez menos resíduo. É o produtor produzir ainda com mais segurança. E todas as mudanças propostas nos protocolos internacionais seguem nesse sentido, além de serem reais, plausíveis. Vivemos em um mundo que muda a todo momento e quer entender e conhecer muito bem o tipo de alimento que consome”, conclui Matheus Witzler.