O programa Fala Carlão prestigiou na noite desta segunda-feira, em Presidente Prudente (SP), o 2° Encontro sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), no SENAI, em Presidente Prudente (SP). Mais de cem empresários, técnicos, estudantes e pesquisadores participaram. A promoção foi da Soesp (Sementes Oeste Paulista), integrante da Associação Rede ILPF, entidade formada, ainda, pelo Bradesco, Ceptis, Cocamar, John Deere, Premix, Syngenta e Embrapa. O objetivo da associação é acelerar uma ampla adoção das tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) por produtores rurais como parte de um esforço visando à intensificação sustentável da agricultura brasileira. A rede é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.
Esse 2º Encontro contou com o apoio do Serviço Social da Indústria (SESI), Sindicato Rural de Presidente Prudente, Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e União das Entidades de Preisdente Prudente (UEPP). E promoveu o potencial da tecnologia da integração junto aos produtores da região oeste de São Paulo, conhecida como Arenito. O formato permitiu que o público conhecesse como é o planejamento da ILPF, além de entender como obter recursos financeiros, e ver quem já está à frente com essa estratégia de produção, através de um caso de sucesso. Foram três palestras. A primeira sobre “Como implantar a ILPF e aumentar a produtividade e rentabilidade em sua propriedade”, comandada pelo engenheiro agrônomo Renato Watanabe, da Cooperativa Agropecuária de Maringá (Cocamar). Em seguida, André Camargo, Gerente da Plataforma de Agronegócio do Bradesco para o interior de São Paulo, falou sobre “Como obter recursos financeiros” e, por último, o público acompanhou um caso de sucesso com o produtor rural Igor Uehara.
A abertura coube ao CEO da Soesp, Itamar Alves de Oliveira Junior, que falou com vibração sobre o futuro da integração e a oportunidade da empresa dele atuar nesta região do Estado. “A integração é uma revolução na agropecuária do país e acredito demais nela. Graças à ILPF, estamos transformando o oeste na nova fronteira agrícola de São Paulo”, falou. Itamar também adiantou que a Soesp já investiu dez milhões de reais para a pesquisa e o lançamento de novas tecnologias em sementes de forrageiras. “E investiremos outros R$ 25 milhões nos próximos dois anos. Tudo para garantir variedades eficientes e que tragam rentabilidade e produtividade aos produtores rurais brasileiros”, concluiu.
O engenheiro agrônomo Renato Watanabe explicou como implantar a ILPF e aumentar a produtividade e rentabilidade em sua propriedade. “É um sistema que pode aumentar a produção de arrobas de carne e valorizar a terra. Porém, o uso da técnica exige bons estudos e gente que oriente bem os empresários rurais”, afirmou Renato. Ele ainda mostrou números e resultados obtidos pela fazenda Santa Felicidade, em Maria Helena (PR), que se destaca há anos em relação às fazendas vizinhas, que também sofrem com poucas chuvas e erosão do solo.
Já André Camargo detalhou as vantagens em utilizar a ILPF para otimizar os resultados das fazendas brasileiras. “Temos hoje diversas linhas de financiamento para reforma de propriedade, expansão de florestas, correção do solo irrigação, pulverização, silos, intensificação da atividade pecuária. O Bradesco fala direto com o produtor e já abriu duas agências especializadas em tratar com esse público, na capital paulista e em Ribeirão Preto. As condições econômicas do Brasil não poderiam estar melhores, com juros baixos e panorama favorável para ações empresariais ousadas”, defendeu.
“O balanço dos negócios no setor em 2019 são extremamente positivos. Expandimos as nossas plataformas e estamos modernizando as estruturas. Com taxa de juros baixas, o produtor tem todas as condições de investir em melhorias e reformas. E temos muito orgulho de integrar o Conselho da Rede ILPF. A integração é a melhor indicação para a sustentabilidade do agro. É uma bandeira do país”, apontou Rui Pereira Rosa, Superintendente Executivo do Bradesco.
Por último, o produtor paranaense Igor Uehara explicou como teve prejuízos com a adoção da ILPF inicialmente porque não dominava suficientemente as técnicas para obter rendimentos. “Momentaneamente, desisti da integração, mas aquilo não saía da minha cabeça. Fui conhecer melhor o assunto, entender mais da gestão da fazenda e voltei, porém com planejamento bem feito. Precisamos conhecer bem a fazenda para termos sucesso com a tecnologia. E definomos objetivos, como usar grãos e diminuir os custos da arroba de carne bovina que produzíamos”, apontou.
O sistema integrado busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade, diversificando a produção e gerando produtos de qualidade. Com isso, reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas. A ILPF é uma estratégia de produção que pode ser utilizada em quatro possíveis modalidades. A escolha por qual estratégia utilizar dependerá das características da região e da propriedade, como proximidade de mercado, logística, relevo, clima, aptidão da propriedade, maquinário disponível, entre outros.
A Rede ILPF atualmente apoia uma rede com 16 Unidades de Referencia Tecnológica (URT) e 12 Unidades de Referencia Tecnológica e de Pesquisa (URTP), distribuídas entre os biomas brasileiros e envolvendo a participação de 22 Unidades de Pesquisa da Embrapa. A integração já alcança 11,47 milhões de hectares no país e os três estados que lideram são Mato Grosso do Sul, com 2.085.518 hectares, Mato Grosso, com 1.501.016 hectares, e Rio Grande do Sul, com 1.457.900 de hectares.
Iniciada em 2012, em 2018, a Rede tornou-se uma associação. A nova estrutura jurídica visa ampliar a atuação do grupo e facilitar a entrada de novas empresas interessadas no projeto. A expectativa é que além do recurso destinado pelas empresas participantes, possa ser feita captação em fundos internacionais. Nesta nova fase, a Rede ILPF continuará o trabalho de transferência de tecnologia, capacitação de assistência técnica e de comunicação que já vem sendo feito, buscando aperfeiçoá-lo. Além disso, terá foco na internacionalização, na agregação de valor por meio da certificação e na inovação.
Outro integrante da Rede ILPF, a Cocamar, também foi representada no Encontro pelo presidente do Conselho da Cooperativa, Luiz Lourenço . A Cocamar tem 15 mil pequenos produtores associados e fatura R$ 4,5 bilhões ao ano, sendo a quarta do país neste quesito. “A integração vem sendo fundamental para a recuperação das áreas degradadas na região do Arenito Caiuá. Estamos transformando degradação em áreas produtivas para grãos e carnes. E estamos contando com fundos de outros países, que têm interesse em investir pela forte pegada ambiental da integração. É continuar o trabalho e mudando a mentalidade das pessoas do campo”, convocou com entusiasmo.