O programa Fala Carlão acompanhou na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a tradicional reunião do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG). O encontro discutiu os negócios envolvendo Brasil e China e reuniu Yang Wanming, Embaixador da China no Brasil; Julian Liang Zhu, CEO do Banco ICBC no Brasil; Flávio Andreo, CEO da companhia Bela Agrícola, e Philip McClymont, Diretor da COFCO.
A China é o maior importador dos produtos brasileiros e maior investidor na América Latina. Atualmente, representa 1/3 das exportações brasileiras. “E pode crescer imensamente e se expandir para outros setores do agro. Os dois países são grandes parceiros e têm economias complementares. Podemos estabelecer parcerias confiáveis e duradouras. A classe média chinesa é a maior do mundo e está em crescente expansão. Por exemplo, na carne bovina, consumimos apenas 4 kg e mesmo assim já somos os maiores importadores do mundo. E vamos duplicar esse consumo até 2027. Serão mais oito milhões de toneladas. Assim como podemos aprimorar os trâmites para importar também produtos de valor agregado”, explicou Yang Wanming.
O embaixador ainda enfatizou que o Brasil tem uma longa experiência e tecnologia do Agro enquanto a China tem capital e também pesquisas em trangenia. “Podemos fazer um processamento, tecnologia, pesquisa e comércio eletrônico no Agronegócio. As empresas chinesas estão ávidas por investir no Brasil. A Logística é outro bom exemplo. É um entrave e uma oportunidade para o investimento chinês, ao mesmo tempo. Temos que superar os gargalos de conectividade e armazenamento. Podemos ser uma solução nestes entraves”, acrescentou o Embaixador. No fim, Wanming criticou a política americana na questão de tarifas e fez uma convocação ao Brasil. “A guerra imposta pelos EUA contraria as leis do livre comércio. Já o Brasil e a China devem trabalhar juntos e de maneira bi-lateral, para garantir o livre comércio internacional. É preciso promover e ampliar o livre comércio”, concluiu.
O CEO do Banco ICBC no Brasil, Julian Liang Zhu, relatou os investimentos realizado pela instituição no país. “Atuamos nas áreas de comércio, investimentos e financiamentos. Brasil e China já são responsáveis por mais de US$ 100 bilhões em negócios, sendo que a China investiu 70 bilhões de dólares nos últimos 15 anos no Brasil”, pontuou Julian.
Na sequência, Flávio Andreo, CEO da Bela Agricola, empresa que atua em três estados (Paraná, São Paulo e Santa Catarina) e que teve 54% das ações compradas pela chinesa Dakang International Food & Agriculture (que já atua no país depois de adquirir a Fiagril), criticou o ambiente de negócios que marca a economia brasileira. “São muitas dificuldades. Tributárias, entraves trabalhistas e instabilidade jurídica. Vejam o caso do tabelamento do frete. É inconcebível, difícil de entender”, reclamou. Flávio explicou que a Bela Agrícola financia o produtor e recebe os grãos. “Somos o One Stop Shop do Produtor Rural. O pacote envolve tecnologia e ajudamos o produtor a melhorar seu risco. Monitoramos essas entregas e o crescimento da lavoura. Recebemos os grãos tanto do Barter quanto do excedente para a comercialização”, acrescentou.
O encontro terminou com Philip, Diretor da COFCO, analisando o mercado internacional de soja. “O Brasil exporta 70% da soja e a China compra 80% deste total. Mesmo crescendo a ‘apenas’ 6%, a economia chinesa segue sendo uma potência e vai continuar importando muito grão do Brasil. E os fazendeiros brasileiros irão se beneficiar disso”, previu.