Volume embarcado em 2015 é menor em relação ao ano anterior; faturamento cai de US$ 7,2 bilhões para US$ 5,9 bilhões
O ano de 2015 fechou negativo para as exportações brasileiras de carne bovina. Segundo um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), entre janeiro e dezembro foram embarcadas 1,39 milhão de toneladas de carne, ante 1,56 milhão de toneladas exportadas no mesmo período do ano anterior.
Consequentemente, a receita, mesmo com a elevação do dólar em relação ao real, apresentou queda. No ano passado o Brasil arrecadou US$ 5,9 bilhões, contra US$ 7,2 bilhões contabilizados em 2014 (queda de 22%). De acordo com a Abiec, a queda tanto em volume quanto em receita se deve a problemas conjunturais que afetaram negativamente alguns mercados como Rússia, Hong Kong e Venezuela.
Hong Kong, região pertencente à China, foi a localidade que mais comprou a carne brasileira no ano passado. Ao todo, foram exportadas 297,67 mil toneladas no ano passado, o que rendeu um faturamento de US$ 1,09 bilhão. A União Europeia adquiriu em 2015 121,41 mil toneladas, com um faturamento de US$ 802,26 milhões. O terceiro maior comprador do Brasil foi o Egito, que adquiriu no ano passado 195,91 mil toneladas. Apesar do volume comprado ter ficado acima do segundo colocado, a receita foi menor, somando US$ 661,16 milhões. As vendas de carne in natura para o mercado externo somaram 1 milhão de toneladas e a arrecadação chegou a US$ 4,6 bilhões.
PARANÁ
As exportações paranaenses também registraram queda em 2015. No ano passado, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), foram embarcadas 23.720 toneladas de carne bovina, ante 29.377 toneladas comercializadas em 2014. Em receita, o Paraná arrecadou em 2015 US$ 77.446.301, contra US$ 110.627.883 contabilizados no ano anterior.
Fábio Mezzadri, técnico do Deral, afirma que a queda nas exportações paranaenses de carne bovina se deve aos problemas econômicos e políticos enfrentados pela Rússia e Hong Kong, dois dos principais clientes do Paraná. No ano passado, os russos importaram do Estado 5.903 toneladas de carne bovina, contra 9.011 toneladas adquiridas em 2014. Hong Kong comprou do Brasil em 2015 8.946 toneladas, ante 15.017 toneladas adquiridas no ano anterior.
Cenário 2016
Para este ano, dirigentes da Abiec esperam que as exportações de carne bovina atinjam o mesmo nível se comparado a 2014, quando o Brasil atingiu um alto volume de exportação. O fim do embargo da carne brasileira a países como China e Arábia Saudita deverão, segundo os dirigentes da entidade, impulsionar os embarques. Segundo o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, a China deverá figurar entre as primeiras posições no ranking dos maiores importadores de carne do Brasil.
Para este ano, a Abiec estima que a China compre US$ 7,5 bilhões em carne bovina. Outro mercado que deve acelerar as exportações brasileiras é o dos Estados Unidos, que podem abrir o nicho para o Brasil.
O técnico do Deral Fábio Mezzadri acredita que 2016 também será um bom ano para o Paraná porque, além da abertura do mercado norte-americano, a elevação no valor da arroba do boi deve ajudar na ampliação do faturamento dos produtores. Além disso, completa o especialista, muitos pecuaristas estão investindo forte na atividade.
Com uma maior demanda, as vendas externas deverão aumentar. O técnico explica que a menor oferta de animais não só no Paraná, mas todo o País, tem impossibilitado a elevação abrupta das exportações de carne. “Muitos estão investindo na atividade, o que dá uma injeção de ânimo no setor”, completa Mezzadri. Atualmente, o rebanho paranaense é de 6,5 milhões de cabeças de gado de corte.