Em ano conturbado, cai a produtividade de pecuaristas

A alta de 52% no preço do milho no ano passado e a queda de 15% a 20% na margem de lucro impactaram a produtividade do público avaliado em 2017 pelo Rally da Pecuária, maior expedição técnica privada de avaliação das condições da bovinocultura no país. A redução no pacote tecnológico derrubou em 18% a produtividade, que passou de 10,6 arrobas/hectare/ano (@/ha/a) para 8,9 @/ha/a.

“Isso foi fruto de uma decisão incorreta do produtor, já que economizar com esse custo não compensa porque a queda na receita é bem maior”, analisa Maurício Palma Nogueira, coordenador da expedição e sócio da Agroconsult, realizadora do Rally.

Paralelamente, houve aumento do peso médio do animal estocado em 2017, o que deverá confirmar a elevação da oferta no mercado, conforme estimativa pré-Rally. O peso médio saiu de 9,8 @/cabeça no ano passado para 10,7@/cabeça. “A projeção de lucro operacional em 2017, por nível de tecnologia, dos pecuaristas com produtividade entre 18@/ha/a e 38@/ha/a, é de R$ 1050/ha/a, com a arroba comercializada a R$ 124 na média do ano”, explica o coordenador da expedição.

Com relação às pastagens, em 2017, dados do Rally apontam que houve aumento na qualidade em relação aos últimos cinco anos, em razão principalmente das condições climáticas, mantendo o índice de apenas 3% de áreas degradadas. Nogueira explica que o aporte ideal para manter o bom nível das pastagens gira em torno de R$ 364/ha para áreas de ótima qualidade e até R$ 3.043/ha para áreas degradadas.

Os dados coletados a campo durante o Rally da Pecuária apontam ainda que o confinamento voltará a passar de 5 milhões de cabeças este ano. Segundo Nogueira, esse número superior ao do ano passado deve-se a atratividade do milho, que teve uma redução no preço desde o começo do ano em 32%, a necessidade dos pecuaristas em segurar mais animais por hectare e o impacto do cenário político e econômico no setor.

Expedição técnica

O Rally da Pecuária, maior expedição técnica privada com foco nas condições da bovinocultura no país, percorreu mais de 70 mil quilômetros, mapeando e fotografando pastagens e visitando cerca de 200 propriedades. Sete equipes técnicas realizaram um levantamento completo de informações in loco nas áreas de cria, recria, engorda e confinamento do país.

O Rally teve início em 08 de maio no Rio Grande do Sul, com a Equipe 1. Na sequência, a Equipe 2 percorreu o Oeste e Norte do Paraná, o Oeste de São Paulo chegando ao Triângulo Mineiro. Após avaliar a região de Palmas (TO) e Redenção (PA), os técnicos da Equipe 3 foram ao Nordeste e Médio-Norte do Mato Grosso.

A Equipe 4 prosseguiu no Mato Grosso, finalizando a etapa em Rondônia. Já a Equipe 5 percorreu o Acre, Rondônia e o Mato Grosso, onde visitou áreas no Vale do Guaporé. A Equipe 6 avaliou regiões onde predominam confinamentos, em Goiás, e a última equipe esteve no sul do Mato Grosso do Sul, finalizando os trabalhos em São Paulo. Os 11 estados visitados – Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Acre – respondem por mais 82% do rebanho bovino nacional e 86% da produção de carne.

Para coletar informações, as equipes utilizaram levantamentos qualitativos pelo contato direto com produtores e lideranças regionais, e quantitativos, por meio de amostragem de pastos, índices zootécnicos, composição do rebanho, estimativa de confinamento, sistema de gestão e produção permitindo uma avaliação consistente das produções e realidades regionais.

Nesta edição foram realizados 12 eventos regionais sob o tema “Produtividade e eficiência: o que era diferencial agora é sobrevivência” e 16 oficinas da produtividade, atingindo cerca de 2 mil pecuaristas.

A expedição é organizada pela Agroconsult e patrocinada por Banco Santander, Boehringer Ingelheim Saúde Animal, Dow AgroSciences, DSM/Tortuga, Fertilizantes Heringer, JBS, Phibro Animal Health e Volkswagen, com apoio da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Agrosatélite, FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e GTPS (Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável).

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