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Demanda faz Seleon duplicar a produção de sêmen bovino

Planos da empresa é atingir capacidade total de produção e faturamento de R$ 18 milhões em 2017.

O impacto da valorização do dólar sobre os preços da genética bovina importada vem impulsionando a demanda por sêmen produzido pela brasileira Seleon Biotecnologia. Em operação comercial desde 2014, a companhia está se preparando para atingir a capacidade total de produção no próximo ano. Sediada em Itatinga (SP), na região de Bauru, a Seleon produziu 1 milhão de doses de semên bovino em 2016, afirmou o presidente da companhia, Bruno Grubisich (foto). O volume é o dobro do ano anterior. “A questão cambial influenciou bastante esse crescimento. O produto brasileiro se torna muito mais barato”, disse o empresário.

De fato, dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) mostram que as vendas de sêmen bovino produzido no Brasil cresceram mais que as dos importados, que vinham se expandindo nos últimos anos para sustentar a maior demanda para a produção de gado bovino angus, uma raça europeia. No primeiro semestre, as importações de sêmen totalizaram 2,7 milhões de doses, 23,6% abaixo de igual período de 2015. Por outro lado, a produção brasileira de sêmen bovino cresceu 61,1%, totalizando 3,2 milhões de doses no primeiro semestre. A Asbia ainda não divulgou os dados do ano. Em 2015, as vendas totais (inclui importados) chegaram a 12,6 milhões de doses.

Na avaliação de Grubisich, o crescimento das vendas de sêmen produzido no Brasil deve continuar em 2017. A expectativa é que a Seleon produza 2 milhões de doses no próximo ano, atingindo a capacidade máxima de produção. Além do dólar valorizado, que estimula a multiplicação de material genético de animais europeus nas companhias instaladas no Brasil, a Seleon prevê aumento da demanda por sêmen de nelore, a raça típica do Brasil.

Após muitos anos apostando no cruzamento industrial, com sêmen de bovinos da raça angus inseminados em vacas Nelore para a produção de carnes nobres, será preciso repor o rebanho de vacas nelore. “O mercado já está sinalizando que vai precisar repor. Ou seja, o material genético brasileiro voltará a ser usado”, disse. Outro trunfo para a Seleon é seu modelo de atuação, segundo o empresário. Em vez de deter os touros selecionados para multiplicar a genética, a empresa é uma prestadora de serviços. Na prática, os pecuaristas pagam para que a Seleon faça a coleta de sêmen do touro dos produtores. Com esse modelo, outras centrais de genética também podem usar a Seleon para a multiplicação de material genético. É o caso de grupos como os americanos CRI e Sexing Technologies, que não têm centrais de coleta no Brasil.

A Seleon também aposta na expansão da área de embriões bovinos, que entrou em operação comercial em 2016. De acordo com Grubisich, a tecnologia é mais cara, mas permite a produção “sexada”, ou seja, o pecuarista pode escolher o sexo desejado. Quando se trata de produção de gado bovino para genética – e não para a produção de carne -, é algo que faz sentido, argumentou. Segundo ele, a duplicação da produção de sêmen e a expansão da produção do embrião farão com que o faturamento bruto da empresa triplique, passando de R$ 6 milhões para R$ 18 milhões em 2017. Com esse ritmo, a companhia mantém a meta de amortizar em até cinco anos os investimentos realizados. Para construir a central de coleta em Itatinga, a Seleon investiu cerca de R$ 20 milhões. Acionista majoritário da Seleon, Bruno é filho de José Carlos Grubisich, presidente da empresa da celulose Eldorado Brasil.

Fonte: Valor Econômico