Por Antonio Carlos Sciamarelli Junior, Gerente de Produto de Corte Semex
Conforme já divulgamos anteriormente as mudanças realizadas pela Associação Americana de Angus (AAA) no mês de julho serviram para evitar tendências de previsões genômicas, para acelerar a taxa de mudança genética e, como resultado, maior precisão na utilização de animais jovens. Isto significa aumento da precisão de seleção.
A avaliação ficou mais precisa, mais robusta e em geral melhor. Algumas características tornaram-se mais importantes, como os índices de carcaça e índices econômicos, projetando animais para abate focando qualidade e premiação. Para nosso país, as mudanças foram importantes porque podemos selecionar touros que realmente vão contribuir para a melhoria da qualidade da carne brasileira. Algumas destas características são importantes do ponto de vista da produtividade e lucratividade para o produtor.
Peso de carcaça (PC): a DEP de peso de carcaça é a predição do peso de carcaça quente da progênie de um touro quando comparado a progênie de outros touros. Valores maiores significam carcaças mais pesadas. Para um país que ainda não tem tipi cação de carcaça, exceto programas como a Carne Certificada Angus, no qual um dos critérios é o peso mínimo de carcaça para certificar. Esta característica é muito importante para aumento do peso da carcaça considerando a variável genética, aumentando o lucro por animal abatido.
AOL (rendimento de carcaça): a DEP de rendimento de carcaça é expressa em polegadas e é a predição da área de olho de lombo da progênie de um touro comparada a progênie de outros touros. Valores maiores indicam maior área de olho de lombo, consequentemente maior rendimento de carcaça. Esta, aliada ao peso da carcaça, é outra característica importante a selecionar, tendo em vista o aumento do lucro do produtor.
Vamos dar um exemplo de um produtor que abate seu gado com peso de carcaça de 300 kg (20@). Se ele selecionar um touro que consiga aumentar o AOL do gado e aumentar o peso da carcaça em 2%, isto significa um aumento de 6 kg por carcaça. Maximizando para um abate de 1mil animais/ ano há um incremento de 6 mil kg de carne oriunda da genética.
A seleção conjuntamente destas duas características, mais peso de carcaça e maior rendimento influem diretamente no bolso do produtor.
Gordura: carcaças pesadas e com rendimento de animais jovens, aliadas a um bom acabamento de gordura é a predição de um ótimo trabalho de seleção feito dentro da propriedade. Selecionar touros com gordura positiva também influencia na taxa de prenhez de novilhas. Com isto conseguimos emprenhar as novilhas mais cedo. Já está comprovado que novilhas que depositam gordura mais cedo, resultam em maior taxa de prenhez, parem em melhores condições corporais melhorando a taxa de prenhez para o segundo parto.
Os índices econômicos são expressos em U$ (dólares americanos) por animal e servem para auxiliar e simplificar a decisão da seleção genética. O valor econômico é uma estimativa de como a futura progênie de um touro vai se comportar, baseado na sua performance em um mesmo ambiente.
O valor carne final ($B) se tornou um dos índices de seleção mais importantes, baseado no ganho de peso pós-desmama e nos índices de carcaça. Valores maiores indicam que o uso de determinado touro acrescenta maior lucratividade ao produtor.
Resumindo, devemos selecionar touros avaliados de acordo com cada sistema de produção e base- ar esta seleção em características que realmente vão contribuir para a melhoria da qualidade da carne e consequentemente aumentar a produtividade e lucratividade da operação.