O Brasil não pode perder novamente o ‘trem da história’ como fez nos últimos anos e precisa apostar em acordos comerciais e na internacionalização mais intensa do seu Agronegócio. Este foi o principal alerta feito durante a conferência ministrada pelo Embaixador Sérgio Amaral, “Geopolítica e Mercado internacional: impactos para o Agronegócio”, nesta segunda-feira de manhã, dia 6, na abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e B3, que reuniu autoridades, especialistas, pesquisadores, executivos e profissionais de todas as áreas do Agrobusiness nacional em São Paulo.
O evento, cujo título é “Exportar para Sustentar,”foi aberto pelos presidentes da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, e da B3, Gilson Finkelsztain. Ambos defenderam a retomada do crescimento econômico, apoio irrestrito ao segmento e simplificação tributária e regulatória para as empresas investirem mais nos negócios, dentro e fora do país. “É hora de exportar cada vez mais, ter mais produtos de valor agregado e criar laços com parceiros importantes no mercado internacional”, frisou Luiz Carlos Corrêa Carvalho.
O embaixador Sérgio Amaral manteve-se na mesma linha e observou que o Brasil não apode errar duas vezes. “Perdemos o primeiro trem da história, mas agora temos uma nova chance graças ao atual panorama de instabilidade criado pela administração do presidente americano Donald Trump. Ele jogou por terra o Nafta (acordo comercial envolvendo EUA, Canadá e México), abriu guerra contra os produtos chineses e agora se aproxima dos europeus. Podemos voltar ao jogo, desde que negociemos, invistamos em acordos comerciais e lutemos para fechar negociação com a União Europeia. Tudo o que não fizemos até 2016”, analisou Sérgio Amaral.
O embaixador reiterou que os europeus precisam entender que o acordo comercial que está sendo negociado com o Mercado Comum do Sul (Mercosul) é muito vantajoso para os dois lados e a tarefa cabe às autoridades e aos especialistas brasileiros. “Não podemos perder essa chance. Fazer negócios com a União Europeia é bem mais importante do que alguns quilos de carne a mais aqui e ali”, brincou.
Ao final, Sérgio Amaral destacou que nosso país precisa ficar atento ao que se passa com outros países, colocar a casa em ordem e manter a competitividade das nossas empresas. “Temos que atingir um novo patamar de internacionalização no Agronegócio e isto deve ser feito imediatamente, com uma revolução tecnológica, de investimentos e postura comercial efetiva no mercado externo”, finalizou.
A parte da manhã terminou com o painel “Fontes de financiamento para o Agronegócio”, debatido pelos executivos do Banco Santander (Carlos Aguiar Neto), da B3 (Fábio Zenaro), MB Associados (José Roberto Mendonça de Barros), Banco Bradesco (Rui Pereira Rosa) e Banco do Brasil (Tarcísio Hübner). Eles defenderam linhas de crédito para as empresas investirem na ampliação da produção, elogiaram a atuação do Banco Central com a política de juros e inflação e pediram serenidade e bom senso ao novo Presidente da República que vai ser eleito no fim do ano.
À tarde, serão realizados outros dois painéis (“Comércio exterior: limites e oportunidades” e “Novo governo e prioridades”), uma homenagem ao presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), João Martins da Silva Junior, com o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo, e a entrega do Prêmio Sustentabilidade Norman Bourlaug à Consultora em Biossegurança e Biosseguridade, Leila dos Santos Macedo.
O Congresso Brasileiro do Agronegócio tem o patrocínio master das empresas Bayer, Corteva e Tereos, e o Grupo Publique como mídia parceira do evento.