Debate sobre essa questão foi um dos destaques da etapa de Uberaba do Circuito ExpoCorte, realizado pela primeira vez na Expoinel Nacional
A busca por maior produtividade na pecuária já deixou de ser diferencial e passou a ser palavra de ordem para quem atua no setor. Porém, será que a busca por maiores índices produtivos significa necessariamente a produção de carne com qualidade superior? A reflexão sobre essa questão marcou o debate final da etapa de Uberaba (MG) do Circuito ExpoCorte, evento realizado nos dias 24 e 25 de setembro pela primeira vez como parte da programação da Expoinel Nacional, no Parque Fernando Costa.
Em dois dias, cerca de 600 pessoas passaram pelo Centro de Eventos Rômulo Kardec Camargos para acompanhar palestras e debates com renomados especialistas brasileiros sobre como produzir o chamado boi 7.7.7, parâmetro de produção que preconiza a busca por animais com 7@ na desmama, 7@ na recria, 7@ na engorda e terminação e abate com 21@ aos 24 meses. Além do workshop, o evento contou com uma feira de negócios onde as empresas de referência na pecuária apresentaram suas tecnologias que contribuem para tornar a atividade mais eficiente. Estiveram na etapa de Uberaba as empresas Tortuga-DSM, Minerva Foods, Zoetis, Phibro, Dow AgroScienses, Premix, Ouro Fino, Bellman – Trouw Nutrition, Nutron – Cargill, CRI Genética, ABS Pecplan, Rubber Tank, Casale, Uberbrahman e J.A Saúde Animal.
“Tivemos um público bastante heterogêneo, desde produtor com 100 mil cabeças de gado a pequenos e médios pecuaristas, provenientes de diversas regiões do estado de Minas Gerais. Um público muito qualificado, participativo e interessado em produzir mais”, avalia o coordenador de conteúdo do Circuito ExpoCorte, Diede Loureiro.
Para o presidente da ACNB – Associação de Criadores de Nelore do Brasil, que promove a Expoinel, foi uma honra receber um evento como o Circuito ExpoCorte para agregar mais conteúdo à genética. “É preciso qualificar tecnicamente para que seja possível produzir mais por hectare”, ressalta o presidente.
Ser produtivo significa produzir carne de qualidade para o consumidor?
Após a abordar em palestras e debates as diversas fases da vida do animal (ambiente produtivo, 7@ da vaca ao desmame, 7@ do desmame ao boi magro e 7@ do boi magro ao boi gordo), a etapa de Uberaba foi concluída com o debate “Medidas práticas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da pecuária moderna”. Participaram da discussão, que provocou a reflexão sobre se ser produtivo na pecuária significa produzir carne de qualidade para o consumidor, o pecuarista e diretor da ACNB, André Bartocci; o especialista em qualidade de carne, Roberto Barcellos, da Beef & Veal Consultoria; o pecuarista Epaminondas Andrade, da Fazenda Vale do Boi; o gerente de Inteligência de Mercado do Minerva Foods, José Amaral e o Diretor Técnico da APTA Regional Alta Mogiana (Colina/SP), Flávio Resende, um dos pesquisadores que desenvolveu o conceito do boi 7.7.7.
“Será que a produtividade que buscamos com o uso de tecnologia está alinhada com o que o consumidor quer? Sempre digo que a pecuária sofre com a falta de infraestrutura e a principal é a ponte que a liga ao consumidor. Hoje pensamos em produzir mais, mas precisamos nos conscientizar de que somos produtores de carne e não de boi”, provocou André Bartocci na abertura do debate.
“O Brasil está se tornando cada vez mais eficiente na produção pecuária com os avanços em genética, nutrição, sanidade e questões ambientais. Mas estamos produzindo esse animal para quem? Eficiência em produção não significa necessariamente qualidade para a indústria e para o consumidor”, argumentou Roberto Barcellos. Segundo ele, que presta consultoria tanto para grupos de produtores, indústria frigorífica, grupos varejistas e boutiques de carne, além de ser consumidor, um animal magro tem um ótimo rendimento industrial, mas não é bem visto pelo varejista. Já um animal com cobertura uniforme de gordura é caro de ser produzido, não rende muito na indústria, é muito desejado pelo varejo, porém, nem sempre o consumidor está disposto a pagar. “Quando me perguntam: que tipo de animal devo produzir, devolvo a pergunta: para quem?”. Segundo ele, é preciso escolher qual caminho seguir: buscar eficiência para produzir commodity ou trabalhar para produzir para nichos específicos.
“Quando se produz um animal muito eficiente, ele deixa a desejar em características muito positivas para a indústria e para o consumidor. O pecuarista se beneficia em produzir um animal altamente eficiente, porém esse animal não é o que o consumidor busca. Quando falamos, no entanto, em consumidor, temos dois tipos: o do dia a dia, normalmente a dona de casa, que quer carne extra limpa, sem gordura, macia e barata; o de fim de semana, mais comumente homem, quer gordura, marmoreio, maciez e não liga para preço dependendo da classe social à qual pertence. O mesmo boi não produz essas duas carnes. Por isso, é preciso focar e para saber que tipo de carne produzir temos que saber para quem”, destacou Barcellos.
Nesse sentido, o representa do Minerva Foods, José Amaral lembrou que a proximidade do pecuarista com a indústria é fundamental para a definição de que tipo de carne produzir. “Não adianta avisar alguns dias antes qual o tipo de animal que será fornecido para o abate, pois é preciso provisionar o varejo. Como o conceito de qualidade de carne ainda é um desafio no Brasil é de extrema importância que o pecuarista e a indústria trabalhem em consonância para oferecer carne para nichos e mercados com demandas específicas”, lembrou Amaral.
Sobre o Circuito ExpoCorte
Além da etapa em Uberaba no mês de setembro, o Circuito ExpoCorte 2015 já foi realizado em Cuiabá (MT) no mês de março com a participação de 1.100 pessoas, dentre as quais 90% pecuaristas; e Campo Grande (MS), em julho, com 1.420 participantes (80% produtores). As próximas serão Araguaína (TO) em 29 e 30 de outubro, finalizando com Ji-Paraná (RO), em 25 e 26 de novembro.
A edição deste ano do Circuito ExpoCorte discute como conseguir o boi 7.7.7, parâmetro de produção que preconiza a busca por animais com 7@ na desmama, 7@ na recria, 7@ na engorda e terminação e abate com 21@ aos 24 meses. O conceito, desenvolvido por pesquisadores do Polo Regional da Alta Mogiana, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) de São Paulo, permite produzir mais e melhor em menos tempo (no sistema tradicional, são necessários, no mínimo, três anos que para o animal atinja 18@), podendo aumentar em até 30% os lucros do pecuarista.
Mais informações: www.circuitoexpocorte.com.br
Sobre a Expoinel
A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), todos os anos, fecha o ano-calendário de exposições com a realização da Expoinel – evento que nos últimos anos se posicionou como o maior da raça Nelore no Brasil, de participação obrigatória para criadores e expositores que disputam o Ranking Nacional Nelore. A exposição é realizada sempre no mês de setembro, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).
A ACNB promove dez dias de exposição com aproximadamente mil animais da raça Nelore. Durante a semana ocorre a entrada dos animais no parque, as pesagens e diagnósticos de gestação, os julgamentos do Nelore e Nelore Mocho, 10 leilões oficiais e, neste ano, o Circuito ExpoCorte. A Expoinel está em sua 44ª edição e, há 3 anos, abriga também a Expobrahman, realizada pela Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB).
Mais informações www.nelore.org.br e www.facebook.com/neloredobrasiloficial
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