Combinação de pasto e grão vai ajudar pecuarista, diz banco

Da Folha de S. Paulo

A produção brasileira de carne bovina deverá ter uma evolução de 2% ao ano na próxima década. O crescimento, que poderá acumular 22% em dez anos, será baseado no uso crescente de sistemas conjugados em pastagens e grãos.

O Brasil desenvolve vários tipos de produção pecuária, que vão do sistema extenso, integração lavoura-pecuária, semiconfinamento a confinamento.

O setor desenvolve ainda alguns sistemas intermediários de produção, em que os animais passam pela pastagem e têm complementação com grãos.

Esses sistemas emergentes, somados aos já existentes, como o confinamento, vão representar 45% da produção de carne bovina brasileira em 2026. Atualmente são menos de 30%.

Eles vão ser responsáveis pelo aumento de produtividade e pela diminuição de riscos na atividade. É o que aponta estudo do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Essa evolução brasileira é possível porque o país tem vantagens comparativas em relação aos demais mercados produtores de carne bovina, segundo Adolfo Fontes, analista do banco no setor de proteínas.

O crescimento do Brasil no setor ocorreu devido à vasta área de pastagens, estimada em 170 milhões de hectares. Boa parte dela, no entanto —pelo menos 70 milhões de hectares—, se encontra em condições precárias e pode passar para a produção de grãos.

Um aproveitamento melhor das áreas de pastagens, com a colocação, por exemplo de 1,3 animal por hectare, já disponibilizaria 10,5 milhões de hectares de terras para a produção de grãos.

Isso permitirá ao Brasil não só ter mais grãos para atender mercados como o da China, como também mais produtos para intensificar o sistema semi-intensivo, que tem uma complementação da engorda com grãos.

Deverá haver também uma interação maior entre lavoura e pecuária nos próximos anos. E a entrada de produtores de grãos na pecuária será importante porque estão mais acostumados à utilização de tecnologias no campo.

Victor Ikeda, analista de grãos do banco, diz que as respostas dessa evolução de sistemas de produção virão de região para região.

Nas regiões onde há maior produção de grãos, a utilização destes na pecuária vai melhorar a produtividade da carne e agregar mais valor aos produtos agrícolas, como milho e soja.

Os analistas do banco acreditam que, com o desenvolvimento de uma “pecuária tropical”, o Brasil deverá conseguir tanto uma maior produtividade, como colocar seu produto em mercados que pagam mais pela proteína.

Além disso, a interação entre pastagens e grãos podem encurtar o ciclo de produção do boi pronto para o abate.

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