A preocupação com a segurança dos alimentos apresenta, globalmente, cada vez mais relevância para os consumidores, para as entidades regulamentadoras e para todos os elos da cadeia produtiva. Os empresários do setor que pretendem marcar presença no comércio nacional e internacional precisam ficar atentos ao aumento da qualidade, tanto do produto final como de todo o processo para, assim, obter melhores preços para as suas marcas. É neste contexto que uma atividade ainda pouco conhecida no Brasil ganha uma nova dimensão: a certificação.
A certificação é um processo amostral de levantamento de conformidades. A empresa certificadora vai até a unidade produtiva e confere como um produto é feito, as condições, a habilitação da mão de obra, os processos, os equipamentos utilizados e as instalações, segundo um protocolo específico. Cada certificação possui diferentes conformidades e uma rotina de visitas e inspeções, garantindo, de forma independente e imparcial, que os produtos foram feitos, manipulados, embalados, distribuídos e fornecidos de forma segura e de acordo com as exigências definidas nos protocolos em questão. “É importante destacar que a tarefa de manter as conformidades cabe ao produtor. Quem responde pela qualidade do produto é quem produz e não a certificadora. Um relatório de certificação traz o dia da vistoria, a hora, o modelo de produção, os dados e um amostral com comprovação das conformidades ou não conformidades”, detalha Matheus Modolo Witzler, Responsável Técnico GLOBAL GAP do Serviço Brasileiro de Certificação (SBC).
A SBC foi criada em 2002, em Botucatu (SP), pelos médicos-veterinários Cristina Lombardi, que atuou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e no Frigorífico Independência, e Luiz Henrique Witzler, dois renomados profissionais da história da rastreabilidade bovina no Brasil. Tem escritórios em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além de representante no Paraná. Mantém a sede em Botucatu e trabalha com cinquenta colaboradores e auditores espalhados pelo País, com presença em onze estados. A diretoria é composta pelos sócios Luiz Henrique Witzler, Diretor Geral, e pelo zootecnista Sérgio Ribas Moreira, Diretor Comercial. Matheus Modolo Witzler é o Responsável Técnico GLOBAL GAP e seu irmão, Thiago Modolo Witzler, é o Responsável Técnico SISBOV.
A SBC é uma das vinte e três empresas certificadoras habilitadas a trabalhar com o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV), validações de indústrias e protocolos particulares. O SISBOV é utilizado para a identificação individual de bovinos e bubalinos em propriedades rurais que têm interesse em vender animais que serão destinados para a produção de carne em mercados que exigem essa identificação individual, como é o caso da Europa.
A SBC é líder deste mercado no SISBOV, atuando em 28% das fazendas certificadas, incluindo os grandes confinamentos do País, e inserindo quase dois milhões de bovinos por ano, além de ser a única certificadora a atuar em todos os estados habilitados do Brasil. Atende às grandes indústrias do segmento no Brasil e está em fase de acreditação pelo Inmetro para a certificação GLOBAL GAP em frutas, verduras, legumes e grãos, a partir do segundo semestre. “Hoje, já existem protocolos particulares dentro de frigoríficos brasileiros. E vão surgir outros, como o Bem-estar Animal e o GLOBAL GAP. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) está centralizando os protocolos sanitários e delegando a terceiros os outros temas. Como é feito atualmente em programas como o ‘Carne Angus Certificada’ e o ‘Carne sustentável no Pantanal’. É uma saída para quem tem produtos diferenciados. Ser reconhecido na ponta da cadeia, ofertar o que interessa ao consumidor e ter uma remuneração maior”, analisa o Fundador e Diretor da SBC, Luiz Henrique Witzler, um dos maiores nomes da rastreabilidade no Brasil, que também é sócio do IBD (Instituto Biodinâmico).
O mercado mundial de certificação vem crescendo com força, puxado pelo aumento ano após ano das transações comerciais entre os países, notadamente entre os mais exigentes em comprar produtos seguros, mais tecnológicos e que comprovem aos seus consumidores segurança alimentar e boas práticas ambientais, trabalhistas e sociais. Um exemplo é o relatório da International Organization for Standardization (ISO), que mostra, em 2016, um total de 1.643.529 certificados válidos no mundo todo, uma elevação de 8% sobre o ano anterior. Os países com mais certificações são Alemanha, Itália, Reino Unido, França, Espanha, China, Japão e Índia. O Brasil tem conseguido avançar, mas ainda timidamente, com um percentual sobre o total mundial maior de certificações ISO 9001 em relação às demais certificações. No ranking de empresas certificadas, ocupa a décima colocação.
O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é o responsável pela gestão dos Programas de Avaliação da Conformidade no âmbito do SBAC (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade). Seu negócio é implantar, de forma assistida, programas de avaliação da conformidade de produtos, processos, serviços e pessoal, alinhados às políticas do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) e às práticas internacionais, promovendo competitividade, concorrência justa, proteção à saúde e segurança ao cidadão e ao meio ambiente. Seu público-alvo são os setores produtivos, as autoridades regulamentadoras e os consumidores. “No mundo, a certificação é muito comum. É um setor que vai crescer bastante no Brasil. Uma excelente saída para quem tem produtos diferenciados e quer ser conhecido e reconhecido na ponta da cadeia, com a chancela de uma certificadora reconhecida internacionalmente. Nunca estivemos tão perto de ter vários novos projetos de remuneração por qualidade. A hora é agora”, aposta Luiz Henrique Witzler.