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Top Farmers 2018: o campo é tecno e emergente

Mais de 300 grandes produtores rurais de todo o Brasil, responsáveis pelo cultivo em 2,555 milhões de hectares, a maioria de soja. E vários desafios para a fazenda do futuro enfrentar:  megacidades, consumidores exigentes, disputas comerciais, investimentos tecnológicos e exigências sociais, trabalhistas, regulatórias, ambientais e sanitárias. Este foi o cenário que marcou o primeiro dia de debates do Top Farmers 2018 – Desenvolvendo Competências para o campo, organizado pelo Grupo Conecta, no Royal Palm Resort Hotel, em Campinas.

No primeiro dia, são três painéis sobre as tendências para o agronegócio no mercado global, o segredo para uma propriedade agrícola sustentável e as novas alternativas de financiamento para o agronegócio. Com doze palestrantes. No segundo dia, novas cinco palestras pela manhã, e debates sobre planejamento, inteligência artificial, desafios da agricultura tropical, resistência e transferência genética em plantas. À tarde, um novo painel, sobre agricultura digital e, ao final, apresentação da economista chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, sobre perspectivas econômicas, e do jornalista William Waack, sobre os desafios do presidente Jair Bolsonaro.

Na abertura, Luiz Cornacchioni, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), e Maurício Moraes, Líder de Indústria da Pricewaterhouse Coopers Brasil, falaram sobre os desafios do agro brasileiro nos próximos trinta anos. “Hoje, temos dez produtos agrícolas entre os cinco maiores produtores e exportadores mundiais. Porém, necessitamos de um olhar especial para logística. Não podemos continuar com uma soja custando o dobro da Argentina e três vezes mais que a americana. Temos que avançar, ainda, em temas como produtividade, sustentabilidade, estrutura, crédito, cadeias produtivas e diálogo com a sociedade. E entender que quanto mais a gente avança, mais problemas enfrentaremos. Isto é normal para quem é líder de qualquer setor”, analisou Luiz Cornacchioni.

Já Maurício Moraes desenhou como será o mundo e o agronegócio em 2050. As megatendências  globais são mudanças demográficas, urbanização acelerada, deslocamento do poder econômico, mudanças climáticas, escassez de recursos e avanços tecnológicos. “A produção de alimentos vai crescer 70%, a Ásia vai concentrar o grande aumento do Produto Interno Bruto mundial, a população do planeta vai crescer e ficar mais idosa, os produtos sustentáveis vão imperar cada vez mais e o avanço  tecnológico assumirá uma velocidade ainda maior. Neste cenário, será fundamental  atuar com trabalhadores treinados e capacitados”, explicou.

E a liderança sobre esses funcionários e sobre todos os dados e a operação do negócio vai marcar a rotina nas propriedades da Agricultura 4.0. “O Brasil atingiu um nível muito sofisticado no agronegócio. Tanto que pode tornar-se o maior produtor de soja do mundo agora, em 2019. Pesquisas indicam que 73% dos agricultores de médio e grande porte no país fazem gestão comercial, finanças, RH, ambiental e logística no campo. Mas só metade faz isso por meio de ferramentas digitais de gestão. E esse empreendedor mudou de patamar. Ele é um novo líder, um orquestrador. Ao reger processos e pessoas, ele vai conseguir ainda melhores resultados”, salientou Luciana Martins, Diretora da MPrado Consultoria.