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Seminário Campo Futuro debate custos da produção pecuária

Os resultados dos custos de produção da pecuária brasileira, levantados pelo Projeto Campo Futuro ao longo deste ano, foram apresentados nesta quinta (9), na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.

O Seminário reuniu especialistas do setor e técnicos das instituições de pesquisa parceiras da CNA para debater os dados coletados durante os painéis realizados nas principais regiões produtoras e municípios de cada atividade produtiva.

O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Rildo Esperancini, mostrou o panorama geral da pecuária de corte no período de 2007 a 2017. “Das propriedades analisadas nos últimos dez anos, a maioria (83%) apresenta especialização em cria ou recria e/ou engorda de bovinos. Esse resultado reforça a diminuição do sistema de ciclo completo, principalmente nos últimos cinco anos”.

De acordo com Rildo, o Estado de Goiás obteve o melhor desempenho técnico no ultimo período. Goiânia e Rio Verde, por exemplo, atingiram ganhos de peso médio dos machos maiores que 1 quilo por dia, enquanto que a média das demais regiões estudadas é de 407 gramas.

Com relação à cadeia de leite, o também pesquisador do Cepea, Wagner Hiroshi, afirmou que de acordo com os dados de custos de produção analisados na safra 2016/2017, o principal desafio dos produtores é com relação ao uso de mão de obra, que foi o grupo com maior participação na média do Custo Operacional Efetivo (COE).

“Em média, os gastos com mão de obra representam 16% do COE. As regiões das propriedades típicas com maior ponderação deste insumo foram Itapetinga, Miguel Calmon e Itamaraju na Bahia, Fernandópolis em São Paulo e Piranhas em Goiás”.

O pesquisador do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), Rafael Barone, apresentou os resultados da aquicultura. “Entre as espécies produzidas no país, a tilápia é a que possui o pacote tecnológico mais consolidado, que envolve estratégias de produção, sistemas e genética”.

Ainda segundo ele, existe uma tendência de aumento da oferta dessa espécie no mercado interno, o que deve estimular os produtores a serem cada vez mais eficientes, buscando estratégias de gestão e redução dos custos de produção.

Sobre a cadeia produtiva de aves e suínos, o pesquisador do Cepea, Marcos Debatin, revelou que em 2017 os custos da avicultura integrada continuaram elevados, sendo estimulados pelos altos preços dos combustíveis e de energia elétrica.

Já na suinocultura, a ração é o item que mais impacta os custos. “As safras recordes de grãos foram decisivas para a queda dos preços dos insumos e consequentemente do custo de produção”, disse Marcos.

A última palestra do dia foi conduzida pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Klinger Aragão, sobre o setor de caprinos e ovinos. Foi constatado que nas propriedades analisadas pelo Campo Futuro, as duas atividades são exploradas em conjunto, sem diferenciação.

“Os resultados econômicos mostram que a ovinocaprinocultura nos municípios do Senhor do Bonfim e Juazeiro na Bahia e Canindé e Quixadá no Ceará têm saldo positivo, ainda que pequeno e a curto prazo, em relação à margem bruta”.

Campo Futuro – É um projeto que alia a capacitação do produtor rural à geração de informação, direcionada ao gerenciamento de risco de preços, custos e produção.

O projeto é realizado pela CNA e pelo o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), em parceria com universidades e centros de pesquisas, além das Federações de Agricultura e Pecuária dos Estados.

O levantamento das informações é feito por meio de painéis nas principais regiões produtoras e municípios de cada atividade produtiva.