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Produção Orgânica X Demais Sistemas

Por Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS)

A maneira como a agricultura orgânica foi apresentada no Globo Repórter, da última sexta-feira (14), não contribuiu para esclarecer ou ajudar a população a se alimentar melhor. Foi uma apologia ao orgânico e uma agressão aos outros sistemas de produção, que utilizam insumos modernos, como fertilizantes e defensivos, e responsável por alimentar cerca de 95% da população do mundo.

Os milhões de produtores rurais que não são orgânicos, verdadeiros herois da sociedade cada vez mais urbana, foram discriminados pela reportagem. São trabalhadores que se dedicam a produzir os alimentos preferidos pelos moradores das grandes cidades, que não têm ideia das dificuldades enfrentadas neste processo. Entre elas estão as pragas e a qualidade dos solos. Sem fertilizantes, o cerrado brasileiro, hoje o grande produtor de alimentos, energia e fibras do Brasil, não estaria na posição de ser admirado por todo o mundo. O Prêmio Nobel da Paz, Norman Borlaug, declarou que a transformação do cerrado brasileiro em polo de produção foi tão importante quanto à revolução verde, principal justificativa para ser o ganhador de uma das láureas mais reconhecidas do mundo. Sem defensivos, a produção agrícola seria reduzida em, pelo menos 50%, além de exigir muito mais trabalho pesado dos produtores rurais.

Os produtores de hortaliças, por exemplo, estão, cada vez mais, buscando o equilíbrio, para usar defensivos apenas quando forem necessários. O sistema de cultivo na palhada é uma tecnologia que vem sendo adotada, reduzindo a utilização de herbicidas. Importante esclarecer que muitos extratos utilizados com a melhor das intenções, podem ser mais tóxicos que defensivos comerciais, como é o caso de calda de fumo. Nem tudo que é natural, é seguro. Existem várias plantas tóxicas.

A edição deste Globo Repórter  mostrou aspectos positivos como o valor dos agricultores, a necessidade de utilizar maior número de espécies vegetais e o seu melhor aproveitamento, reduzindo o desperdício. Mas  toda reportagem deve ser equilibrada, mostrando  as diferentes  visões de um tema. É importante respeitar a liberdade de escolha do consumidor, que considera qualidade e preço, e que espera ser bem informado.  Lamentavelmente, faltou, neste Globo Repórter, a visão de quem cultiva e se alimenta de produtos não-orgânicos, da mesma forma saudáveis.

 

Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. 

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico. 

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas. 

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website:http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel.

Thaís Frausto

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