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Setor surpreendeu mesmo com todas as ‘broncas’ recebidas

Estadão Conteúdo – O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, afirmou que o setor surpreendeu mesmo com todas as “broncas” recebidas neste ano. Em 2017, as operações Carne Fraca e Carne Fria, a volta da cobrança do Funrural, as delações de executivos da JBS, o embargo dos Estados Unidos à carne bovina in natura e, mais recentemente, a suspensão das compras pela Rússia abalaram a indústria, mas foi possível “fazer uma limonada”, com um alinhamento e uniformidade dos procedimentos.

“Permitiu fazer revisões”, disse Camardelli. “A constatação de que não houve diminuição do preço médio da carne exportada significa que ainda temos muito espaço.”

O executivo lembrou que no período de março a abril os embarques de carne brasileiro ao exterior caíram 25% em receita e 26% em volume. Quando a Operação Carne Fraca foi deflagrada, em 17 de março, países que respondiam a 59,7% dos embarques em 2016, suspenderam as compras. Porém, os volumes se recuperaram e atingiram o pico no mês de agosto. Para 2018, Camardelli aposta na ampliação de mercados.

Ele afirmou que a Abiec apoia a proposta de retirada da vacinação contra a febre aftosa no Brasil, o que pode facilitar o acesso a países importantes, como o Japão. No entanto, em relação ao país asiático, Camardelli diz que “a única coisa que nos restas é abrir um painel junto à Organização Mundial do Comércio (OMC)”. Para ele, não há mais espaço para negociações com o país que tem colocado obstáculos para o diálogo, sem “constrangimentos sanitários”.

Segundo o presidente da Abiec, uma missão da China visitará 11 frigoríficos brasileiros entre janeiro e fevereiro e o potencial é de um aumento de 50% do volume vendido para o país, com possíveis novas habilitações. De janeiro a novembro deste ano, os chineses compraram 190 mil toneladas.

“Sobre os Estados Unidos, estamos na reta final para compor as garantias que nos foram solicitadas”, afirmou sobre a retomada das vendas de carne bovina in natura para os norte-americanos. A expectativa é de que este mercado seja reaberto no ano que vem. “O Brasil tem grandes chances de liberar em janeiro exportação para Indonésia”, afirmou também. Outro país citado pelo presidente da Abiec foi a Coreia do Sul que, segundo ele, também deve enviar missões ao Brasil, assim como a Tailândia.

Com este cenário, o sócio e coordenador da divisão de pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, estimou que o abate de bovinos deve crescer de 8 a 11%. Nogueira também prevê aumento do peso dos animais terminados. A expectativa é de que a arroba se valorize. “Até julho a expectativa era de queda de 3% e, agora, se projeta uma alta de até 3%”, disse.