Por Cristina Simões Cortinhas – Supervisora de Inovação e Ciência Aplicada Ruminantes da DSM
Na pecuária leiteira, a criação de bezerras na propriedade é a chave para elevar o mérito genético e o potencial de produção de leite do rebanho. No entanto, criar boas bezerras não é uma tarefa tão fácil e os cuidados devem ser iniciados logo após o nascimento, com o fornecimento do colostro. Por uma questão fisiológica, durante o período de gestação a placenta da vaca não permite a transmissão de anticorpos da mãe para o feto. Assim, os bezerros são totalmente dependentes do consumo de colostro para adquirir imunidade até que seu organismo comece a produzir seus próprios anticorpos. Quando a colostragem é inadequada, a imunidade das bezerras torna-se frágil. Nesta fase, outros desafios como o constante contato com os mais diversos microrganismos presentes no ambiente, o estresse ambiental, como as altas temperaturas, a desmama e a vacinação, tornam as bezerras mais susceptíveis a ocorrencias de doenças, principalmente a diarréia, e o retardo do crescimento. Portanto, uma colostragem bem feita é fundamental para o bom desenvolvimento dos animais e está relacionado com sua produtividade em toda a vida.
Mas, o segredo de uma criação de bezerras bem sucedida não está somente basedo em melhorar a capacidade imunológica e em minimizar as fontes de estresses ambientais, entre outros, que eventualmente possam ocorrer. Não menos importante é assegurar o consumo de matéria seca e de nutrientes adequados que contribuem para o bom desenvolvimento ruminal. Na desmama, que é um período crítico para o desenvolvimento das bezerras, o rúmen deve estar desenvolvido a ponto de ser capaz de digerir alimentos sólidos e manter um ganho de peso satisfatório. Neste contexto, a busca por alternativas, como antibióticos, eubióticos e probióticos, para a prevenção da diarréia, melhor desenvolvimento ruminal e desempenho dos animais tem se intensificado.
Atualmente, a monensina é o antibiótico mais utilizado e estudado em nutrição animal. Em bezerras, a monensina tem sido estudada na prevenção da diarréia (principalmente por Eimeria), por seu mecanismo de seleção de microrganismos, e no desenvolvimento ruminal, por proporcionar aumento na produção de propionato, estimulador do desenvolvimento de papilas ruminais. Uma alternativa para o uso dos antibióticos são os óleos essenciais, também chamados de eubióticos por atuar na microflora gastrointestinal promovendo melhor equilíbrio e reduzindo a diarréia. Os probióticos, microrganismos vivos que podem conferir um benefício à saúde do hospedeiro, é outra alternativa ao uso de antibióticos utilizada para reduzir os problemas gastrointestinais das bezerras.
Recentemente, a DSM realizou um estudo na Universidade Federal de Viçosa, que foi apresentado na última reunião da American Dairy Science Association (Pittsburgh – EUA, entre os dias 25 a 28 de junho de 2017), para avaliar os efeitos do uso de óleos essenciais (Crina®Ruminants), monensina e probiótico (Cylactin – Enterococcus faecium) na saúde e crescimento de bezerros. Neste estudo, cinquenta bezerros holandeses (25 machos e 25 fêmeas), foram suplementados com os tratamentos (Controle – sem aditivo nutricional, monensina, Crina Ruminants® ou Cylactin) adicionados ao concentrado, que foi fornecido ad libitum, diariamente, desde o 6º dia de vida até o momento da desmama (60 dias de vida). O consumo de matéria seca e o escore fecal (escala de 1 a 4, onde 1 representa fezes com melhor consistência e 4 fezes com pior consistência) foram mensurados diariamente e os bezerros foram pesados a cada 15 dias. Dois ensaios de digestibilidade foram realizados por coleta total de fezes nos dias 20 e 28 (período 1) e 50 e 56 (período 2).
No período pré desmama, o consumo de concentrado (matéria seca) dos bezerros suplementados com Crina Ruminants®foi maior (104g a mais de consumo) que o dos animais suplementados com monensina (figura 1).
A utilização de Crina Ruminants® e de monensina no concentrado melhoraram a saúde intestinal reduzindo a diarreia, demonstrado pelo menor escore fecal em comparação aos outros tratamentos (figura 2).
Não houve diferença entre os tratamentos no ganho de peso diário dos bezerros no período pré desmama, no entanto, no período pós desmama (efeito residual dos tratamentos fornecidos durante a fase de aleitamento), os bezerros suplementados com Crina Ruminants® apresentaram maior ganho de peso (917,5 g/dia) em comparação com os animais do grupo controle (615,8 g/dia) e dos bezerros alimentados com probiótico (592 g/dia) (figura 3).
A eficiência alimentar pós desmama foi maior para os animais suplementados com Crina Ruminants® (0,72 g/g), em comparação com o lote controle (0,36 g/g), monensina (0,49 g/g) e probiótico (0,36 g/g) (figura 4).
Os maiores ganho de peso e eficiência alimentar pós desmame dos bezerros suplementados com Crina Ruminants® provavelmente resultaram de um melhor desenvolvimento ruminal dos bezerros na fase pré desmama. Estes resultados comprovam que o Crina pode ser utilizado como alternativa para melhorar a saúde intestinal dos bezerros e, mais além, para estimular o consumo de concentrado, melhorar o ganho de peso e eficiência alimentar pós desmama.
Os produtos Bovigold Prima e Bovigold Recria são dois pacotes técnológicos, formulados para bezerros na fase de aleitamento e do desaleitamento até a primeira reprodução, respectivamente, que somam os benefícios do Crina Ruminants®, de todas a vitaminas necessárias para estas fases em níveis ótimos (OVN – Optimal Vitamin Nutrition) e dos Minerais Tortuga, para melhor saúde e desempenho animal.
Referência
Salazar, L. F. L., Cortinhas, C. S., Acedo, T. S., Rotta, P. P., Fontes, M. M. S., Morais, V. C. L., Machado, A. F., Sguizzato, A. L., Marcondes, M. I., 2017. Effects of selected feed additives to improve growth and health of dairy calves. In: 2017 ADSA Annual Meeting, Pittsburgh, PA, p. 115, 2017.