Por Mylene Abud
Termo originário do inglês, que significa troca ou permuta, o barter surgiu no Brasil na década de 1990, na região do Cerrado. Conhecida inicialmente como “operação soja verde”, a ferramenta era destinada a facilitar a aquisição antecipada de insumos pelos produtores da cultura que, em troca, pagariam com um volume da colheita futura.
Atualmente, as operações de barter atendem a várias culturas, envolvendo não apenas a troca de insumos por grãos, mas também por carne bovina. E o oferecimento do serviço, que pode ser útil tanto para quem vende insumos como para o produtor rural, tem aumentado no Brasil nos últimos anos, via grandes e pequenas empresas, e com a participação das revendas.
“O barter agrícola é uma operação de troca comumente praticada entre agricultores e fornecedores de insumos. Nessa operação, o produtor recebe, de forma antecipada, insumos para o plantio (sementes, fertilizantes e químicos) e se compromete a realizar o pagamento após a colheita”, explica Renato Girotto, CEO e co-fundador da Bart Digital, startup sediada em Indaiatuba (SP).
“O pagamento pode ser realizado através da entrega de Grãos, via Cédula do Produtor Rural (CPR Física) ou pagamento em Dinheiro (CPR Financeira)”, explica Renato que, ao lado de três sócios, decidiu abrir a própria empresa, para oferecer mais agilidade a esse tipo de transação, transparência e mitigação de risco para as operações de Crédito Agrícola.
Vocação para o agronegócio
O pontapé inicial para a formação da empresa foi dado quando os quatro jovens participaram, em abril de 2016, na cidade de Londrina (PR), do Hackathon Smart Agro, maratona de programação destinada a criar projetos que transformem informações de interesse público em soluções digitais acessíveis.
A opção pelo setor surgiu porque, dos quatro sócios, três tinham ligações com o agronegócio: o veterinário Renato Girotto, produtor rural e diretor de uma empresa de consultoria para o setor; Mariana Bonora, advogada com experiência na área de barter agrícola; e Thiago Zampieri, produtor rural e engenheiro da computação. “Conhecendo o mercado do agro e as inúmeras oportunidades, ficou claro para nós que seria uma ótima chance para empreender”, conta Renato, destacando que, para completar o time, o quarto sócio, o engenheiro da computação e desenvolvedor, Guilherme Costa, está à frente da área de tecnologia.
Depois de ser acelerada no Google Space pela Startup Farm, a Bart Digital e é atualmente uma empresa associada à EsalqTec e tem como sócio a SP Ventures, fundo de investimento especializado em agronegócio.
A empresa surgiu com a proposta de agilizar e desburocratizar, por meio da tecnologia, o processo relacionado às CPRs que, normalmente, são emitidas pelo produtor rural a seus fornecedores de insumos com o compromisso de pagamento após a colheita.
“O Bart Digital utiliza tecnologia para trazer mais agilidade e transparência para todas as partes envolvidas em uma operação de barter, atuando em várias frentes. As principais são difundir a adoção da assinatura digital no meio agro e automatizar uma parte dos procedimentos internos das empresas”, destaca Renato.
Parceria com as revendas
Segundo Renato Girotto, as agrorrevendas desempenha um papel muito importante na disseminação das soluções da empresa, visto que grande parte das originações de Barter partem delas.
“Fizemos parcerias com algumas agrorrevendas do Paraná e de Mato Grosso, com o objetivo de rodar pilotos, validar algumas soluções oferecidas na plataforma e colher feedback sobre o produto. Estamos buscando sempre novos parceiros que tenham interesse em conhecer e avaliar a nossa solução”, enfatiza.
Para o futuro, com base no resultado desses pilotos, a ideia é que o Bart Digital avance para novos desafios. “Temos um plano de evolução com novas funcionalidades, que vão atender do produtor às tradings, entregando mais valor para toda a cadeia”, assinala Renato Girotto.