Por Valdomiro Poliselli Jr., presidente da VPJ Alimentos e pecuarista
Há 20 anos não se falava em programas de qualidade de carne bovina e tampouco havia melhores remunerações por qualidade de carcaça aos pecuaristas. Hoje, vivemos uma nova pecuária, na qual a cadeia produtiva está preparada para o abate de animais muito jovens, em torno de 16 meses de idade, com 20 arrobas de peso bem distribuído e carne com boa presença de marmoreio.
E muito desse sucesso passa pela raça Angus. De origem britânica, mas radicada na pecuária brasileira por muitas décadas, é reconhecida internacionalmente pela sua qualidade de carcaça e precocidade de terminação, bem como a incrível maciez, sabor e suculência dos cortes produzidos. A carne Angus tem sinônimo de qualidade.
Ponto para o Programa Carne Angus Certificada, que alinhou fortes parcerias com os principais frigoríficos do País e ainda garantiu a possibilidade de os pecuaristas receberem bonificações acima de 12% da cotação convencional da arroba do boi gordo. E tal consolidação levou a uma corrida frenética por genética Angus.
Além disso, um “café grátis” está surgindo na pecuária nacional. Países como a Turquia compraram mais de 80 mil bezerros, recentemente, de algumas fazendas brasileiras e todos nascidos do cruzamento entre as raças Angus e Nelore, o casamento perfeito para a produção de carne de qualidade. Este modelo de exportação de desmama cruza Angus tende a crescer muito no País.
Os preços do gado Angus dispararam. O quilo vivo de um bezerro desmamado F1 (meio-sangue Angus x Nelore) já corteja os R$ 6,50, muito superior ao de qualquer outro bovino puro ou cruzado. Na década de 1990, a esmagadora maioria dos produtores desconhecia sobre o melhor uso de uma novilha F1. Atualmente, seu aproveitamento é otimizado.
Pode ser encaminhada à reprodução, como matriz, ou ao abate, proporcionando uma carne rica em gordura Ômega 3 – fato comprovado cientificamente. Estima-se que existam cerca de 3 milhões de cabeças no rebanho nacional. Angus é propaganda no sanduíche, na churrascaria, nos restaurantes e na gôndola dos supermercados.
E o pecuarista brasileiro já descobriu este diferencial. A própria Associação Brasileira de Angus regularizou junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o serviço de Registro Genealógico de uma nova raça bovina chamada Ultrablack.
Formado por meio do cruzamento entre Angus e Brangus 3/8 (ou vice versa), o Ultrablack é uma resposta ao crescente interesse dos produtores em atender os programas de cruzamento industrial que vão utilizar essas fêmeas F1 Angus para produção de animais com 65% de sangue Angus. Os bezerros nascidos serão encaminhados ao confinamento logo após a desmama e vão produzir carcaças ultraprecoces.
Com alto índice de marmoreio e maciez, a carne produzida vai ser capaz de competir com os cortes mais sofisticados do mundo em pé de igualdade. Está aí a fórmula que Brasil buscava para produzir uma carne Prime reconhecida mundialmente, assim como acontece com a dos Estados Unidos. É a ferramenta perfeita para conquistar o paladar dos mais exigentes importadores do planeta.