Uso econômico de dejetos da pecuária é tema de encontro

Na manhã desta quarta-feira (27), produtores rurais, técnicos, extensionistas, alunos e professores de graduação e pós-graduação marcaram presença no Fórum sobre Pecuária de Baixa Emissão de Carbono realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), durante o IV Congresso Brasileiro de Produção Animal Sustentável – ANISUS.

O tratamento de dejetos animais para a geração de energia, como forma de melhorar a renda dos produtores rurais, agregando sustentabilidade, foi o tema de encontro que tem como objetivo sensibilizar os envolvidos na cadeia de pecuária intensiva de gado de leite e corte para o uso de tecnologias que reduzam a emissão de gases de efeito estufa. A abordagem do Fórum vai ao encontro do tema tratado no Congresso que está em sua quarta edição e tem como objetivo contribuir com a disseminação e discussão de técnicas alternativas e sustentáveis de produção animal, despertando nos meios técnico, produtivo e científico, a preocupação com a necessidade de mudanças nos paradigmas de desenvolvimento e produção do setor agropecuário.

O fiscal federal agropecuário do MAPA, Maurício Carvalho, iniciou o fórum mostrando os principais pontos do Plano ABC e do projeto de pecuária, reforçando as oportunidades para o produtor. “Buscamos desenvolver as análises econômicas que mostrem tecnologias viáveis e que possam ser acessadas por meio das linhas de crédito”, destacou.

Cleandro Dias, consultor e médico veterinário, abordou as tecnologias de produção mais limpa na pecuária intensiva, levando dados e conhecimento específico aos participantes presentes. Foram apresentadas tecnologias viáveis tecnicamente em condições brasileiras com destaque para o uso racional da água e também do concentrado e volumoso, com o foco na redução de perdas e desperdícios e, consequente aumento da eficiência do uso dos recursos naturais. “Nosso objetivo é o fomento da adoção destas tecnologias que proporcionam geração de valor para as atividades de pecuária intensiva leiteira e de corte, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa contribuindo com a meio ambiente e com os acordos internacionais sobre o clima que o Brasil é signatário”, esclarece o consultor.

Exemplos de processos tecnológicos que permitem transformar o que era problema, numa solução rentável foi o foco da palestra do consultor, Fabiano Coser. O tema abordou a compostagem, rota sólida de aproveitamento dos dejetos para produção de biofertilizante (sólido), e a biodigestão, rota líquida de aproveitamento dos dejetos para produção de biofertilizante (líquido), biogás e energia elétrica. “As duas tecnologias permitem ao produtor rural transformar um possível passivo ambiental em ativos para produção de energia e adubo orgânico”, reforçou Coser aos participantes.

A parceria entre o MAPA e Embrapa também oportunizou a palestra “Alternativas sustentáveis para a produção de bovinos de leite” do pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Paulo Armando de Oliveira, que abordou o manejo correto dos sistemas de compost barn e cama sobreposta, como fundamental para o resultado da redução de emissão de carbono. Também foram apresentados resultados das tecnologias usadas na produção de suínos como experiência sobre cama sobreposta.

Já o desafio da implantação de compost barn, foi trazido pela Prof. Dr. Ana Luiza Bachmann Schogor, do Departamento de Zootecnia da UDESC, que abordou as principais vantagens do modelo, como seu alinhamento com o bem-estar animal e o potencial em gerar dejetos sólidos. “Entretanto, há ainda dúvidas em relação a esse formato, como tipo de cama, profundidade, ventilação mecânica, dimensões ideais, e outros pontos que são fundamentais não só para disseminação do sistema, como para melhor eficiência de seus resultados”, reforça.

O encontro também trouxe conteúdo da Universidade de Minesota nos Estados Unidos, por meio da pesquisadora e professora, Marcia Endres, na palestra “Composto: um produto de valor agregado na bovinocultura de leite?”. O tema discutiu, a partir de pesquisas e testes em diversas produções e formatos, os critérios para compostagem bem sucedida, como materiais usados, temperatura, umidade, frequência de aeração e destino do produto final.

O Projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono: geração de valor na produção intensiva de carne e leite”, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), tem o intuito de, ao longo de um ano, avaliar e disseminar alternativas economicamente viáveis para o tratamento de dejetos na pecuária, como parte do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

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