Alberto Yoshida, presidente do Conselho Diretor da ANDAV, afirmou nesta semana que a entidade trabalha para minimizar perdas dos produtores de flores e hortifruti. Com perdas significativas, os produtores de flores e hortifruti são o mais impactados pelo coronavírus. No último mês, as dificuldades de escoar hortaliças, com fechamento de feiras e diminuição do movimento, provocaram cenas de produtores passando trator na lavoura para plantar novamente ou jogando a produção fora.
No setor de flores, as perdas também foram significativas, e cerca de dois terços dos produtores podem falir. O setor de distribuição de insumos está preocupado com os dois setores e trabalha para garantir o abastecimento e dar apoio aos produtores.
Alberto Yoshida, presidente do Conselho Diretor da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV), é ligado diretamente ao setor por meio de sua empresa familiar há 45 anos (‘Yoshida & Hirata’), com foco na distribuição de insumos, desde defensivos, fertilizantes, sementes, produtos biológicos, substrato e correlatos, até embalagens, filmes plásticos e demais. Acompanhe a entrevista:
Como o senhor está percebendo o setor neste momento com dificuldades de chegar ao consumidor? Acredita que isso pode impactar os setores correlatos como insumos?
As hortaliças, folhosas de maneira geral, e flores são as principais culturas produzidas na região de atuação da ‘Yoshida & Hirata’. Com o início da Pandemia, houve o fechamento de importantes mercados do setor de HF, como escolas, restaurantes, bares, cozinhas industriais (os chamados ‘food service’). Além disso, houve a limitação da realização de feiras livres e o mercado de decoração está totalmente paralisado com o cancelamento de festas em geral. Esse cenário comprometeu diretamente os negócios dos produtores rurais que, apesar dos problemas sociais da Covid-19, continuam trabalhando e produzindo alimento para os grandes centros.
O senhor acredita que isso pode impactar os setores correlatos como insumos?
Infelizmente, neste momento os produtores estão descartando uma grande quantidade de hortaliças, pois elas foram semeadas antes do anúncio da Covid-19. Consequentemente, o setor de insumos agrícolas foi diretamente prejudicado, com prorrogações de duplicatas dos produtores, além da redução de consumo de insumos.
Com a queda nos preços de alguns itens, o senhor acredita que o produtor pode ficar desmotivado e plantar menos neste ano?
Desde janeiro deste ano, o mercado já sinalizava uma recessão econômica no consumo doméstico e indicava uma queda no consumo de frutas, legumes e verduras, pois ele está muito ligado ao poder de compra das famílias. Neste momento, acreditamos em uma queda de plantio em torno de 20 a 25% e talvez este índice possa aumentar para as próximas semanas, pois os preços e a demanda continuam muito baixos.
Existe algum fator que pode servir de incentivo?
Vale destacar que algumas variáveis também reforçam este cenário. Segundo a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), o consumo médio do brasileiro de hortaliças e frutas por dia é de apenas 120 gramas, sendo que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de pelo menos 400 gramas. Isso diz muito sobre como ainda podemos estimular o nosso mercado interno. O consumo dos produtos de hortifruti no Brasil ainda é muito sazonal. No inverno, ele tradicionalmente diminui.
Como a Andav vem trabalhando nesta questão?
Estamos buscando articular esforços com diferentes setores que envolvem diretamente a cadeia de produção de HF, que já é complexa pelo seu ciclo naturalmente curto. Falamos de um setor que envolve milhares de produtores e que vai demandar nossos esforços especiais nos próximos meses. É uma crise sem precedentes, mas que unindo forças pode ser superada. Vamos continuar trabalhando para garantir abastecimento e trazer ferramentas para auxiliar os eixos enfraquecidos.
Fonte: Agrolink