A MPrado Cooperativas, o braço da MPrado Consultoria empresarial, uma das mais respeitadas do Brasil quando o assunto é revenda e distribuição de insumos agropecuários, organizou nesta sexta-feira, dia 24, o seminário ‘Cooperação Solidária’. O encontro reuniu presidente de grandes cooperativas brasileiras e lideranças históricas do setor. José Rossato, Presidente da Cooperativa Coplana. Carlos Augusto Rodrigues, Presidente da Cooxupé. Irineo da Costa Rodrigues, Presidente da Cooperativa Lar. Márcio Lopes, Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB. E Roberto Rodrigues, Coordenador de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas. Ele também já comandou tanto a OCB como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o MAPA.
O Cooperação Solidária ainda contou com o recado do jornalista Alexandre Garcia e a coordenação da Luciana Martins, CEO da MPrado Cooperativas. O time de craques debateu o tema “Cooperativismo como agente transformador no agro e na comunidade”. E eles fizeram mais do que um seminário ao vivo pela internet. Ajudaram o evento a ter resultados maravilhosos numa ação social que arrecadou doações para as comunidades onde as cooperativas estão inseridas, nos estados do Paraná, de São Paulo e Minas Gerais.
O ‘Cooperação Solidária’ recebeu dinheiro, alimentos, equipamentos de proteção individual para equipes de saúde e material de limpeza. As instituições que vão receber as doações estão sendo cadastradas com a ajuda das cooperativas que participaram do debate. As doações em dinheiro foram destinadas à Cooperativa Integrada. Durante a live, foi divulgado um QR Code que possibilitou a contribuição das pessoas que acompanharam a atividade.
O recado do jornalista Alexandre Garcia foi rápido porque ele precisava entrar ao vivo pela Globonews. O dia do debate foi justamente a sexta-feira turbulenta quando o ex-juiz Sergio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça para o Presidente Jair Bolsonaro, afirmando que vinha sendo pressionado para demitir o diretor da Polícia Federal. O experiente Alexandre Garcia disse que a crise sanitária mundial do coronavírus é tão polêmica quanto a crise política brasileira. E alertou que os presidentes brasileiros que deram as costas para o Congresso Nacional acabaram perderam o cargo.
E que a crise econômica gravíssima sofrida pelo Brasil há vários anos vem sendo agravada pelos exageros do confinamento social imposto às populações. Porém, Alexandre faz questão de afirmar que o nosso agro tem todas as condições de abastecer boa parte do mundo com alimentos e outros produtos do campo, como cacau, algodão, flores, etc. Ele prevê uma bela perspectiva nesse segmento e a participação decisiva das cooperativas com a sua essência de co-participação, trabalho forte, atuação regional e investimentos em tecnologia para participação no mercado internacional de grãos e carnes. Alexandre Garcia afirmou: “Em nosso país, até um vírus tem cores políticas. Mas temos que nos imunizar, nos defender é contra o pessimismo. Muita gente parece que tem prazer em falar de mais pessoas morrendo, mostrar pacientes entubados, dizendo que nós vamos acabar assim, espalhando terror, botando todo mundo para baixo. Sou otimista porque vivi a fase do milagre econômico, nas décadas de 1960 e 1970. E tenho certeza de que aqueles índices fantásticos de crescimento que o Brasil alcançava ocorreram por causa do entusiasmo do povo brasileiro”.
Os presidentes das cooperativas Lar, Cooxupé e Coplana concordam com o jornalista da TV Globo. Enfatizaram que, no início, a preocupação maior foi com as pessoas, os funcionários. Apostaram na boa informação e nas oportunidades. Tranquilizaram os cooperados com dados corretos, fidedignos. Alertaram que os preços caíram, mas o câmbio corrigia. E orientaram os produtores para comercializar a safra da forma mais rentável possível.
José Rossato, da Coplana, disse que o sistema capitalista já vinha sendo muito criticado e convidado a um repensar. Com empresas mais voltadas aos integrantes da cadeia do que aos acionistas. Um desejo do mundo por um novo capitalismo, moderno, que tenha um modelo muito semelhante ao que é o cooperativismo. E confessou: “O problema pegou a gente bem no meio de uma grande safra. Soja e amendoim, principalmente. E safra boa é sempre boa notícia”.
Carlos Augusto, da Cooxupé, explicou que o coronavírus trouxe vários transtornos, principalmente no caixa da cooperativa. Mas ele acredita que a Cooxupé conseguiu êxito e apoiou as famílias. E contou: “O café sofreu menos porque estávamos numa entressafra. Mas agora, na colheita, já necessitamos de pessoas, mão de obra. E essas pessoas precisam de proteção. Porém, acreditamos que vamos superar tudo”.
O Irineo da Costa Nossa confessou que a primeira tarefa foi convencer as pessoas de que a cooperativa Lar não podia parar. E foi claro para a galera: “Temos 28 milhões de animais no campo para cuidar”. Depois, destacou o problema da falta de renda das pessoas. E a urgência em garantir que os produtos tivessem os canais de comercialização abertos no mercado internacional.
Os três comandantes ainda fizeram questão de reafirmar os conceitos do cooperativismo e a ligação que o sistema construiu com as comunidades, com as pessoas, com os produtores rurais e as suas famílias. Para o José Rossato, o grande poder das cooperativas é conseguir distribuir localmente e, ao mesmo tempo, atingir mercados globais. Modificando a estrutura de desenvolvimento dos municípios.
O Carlos Augusto apontou que o município que tem uma cooperativa é diferente. Adquire conhecimento. Agrupa pequenos produtores, inova, investe em tecnologia e melhora a vida das pessoas. E encheu a boca para completar: “Estamos em duzentos municípios, temos 15 mil associados e a esmagadora maioria é de pequenos. O Agro e as cooperativas fazem a diferença. Nossa história começou em 1929, por causa da crise mundial do café. E estamos aqui, fortes, unidos. No Centro do Brasil, também representamos muito para as famílias produtoras”.
O Irineo, por outro lado, enfatizou o poder econômico do segmento. Lembrou que a Lar começou com 55 pequenos agricultores, gaúchos pobres que foram ao Paraná para empreender. Hoje, são onze mil associados e 17 mil funcionários. Fala Irineo: “Nosso forte é a distribuição de renda. Que só se tornou viável com a produção de proteína animal. Leite, suínos, frangos, bovinos. Nosso frango chega a 74 países. E ainda levamos conhecimento e qualidade de vida para nossa comunidade. Tem os supermercados, os postos de combustível, somos um gigante arrecadador de impostos para a sociedade. E acabamos de lançar uma universidade corporativa. A educação é que vai permitir nossa perpetuação”.
E esse ícone do agro brasileiro é assunto dominado como ninguém por dois profissionais de primeira categoria. Márcio Lopes fez questão de dizer que o papel da cooperativa moderna é a inserção no mercado. E que a sociedade brasileira quer organização, confiança e participação. Para cana, café, grãos, fibras e outros diversos produtos. Produção, dinheiro e confiança. Márcio diz que as cooperativas não pararam com a pandemia e preocuparam-se em manter o processo e ter capital de giro, para poder continuar investindo nas exportações. E avalia: “Logicamente, o nível de investimentos cai um pouco, mas nada que impeça o avanço da produção, do processamento, da comercialização, distribuição, do atendimento, dos serviços. A cana, o leite e as flores estão sofrendo bastante, mas têm capacidade de reestruturação”.
Um otimismo que nunca saiu da cabeça e do coração de um dos pais do agro verde e amarelo, Roberto Rodrigues. Ele fez questão de definir o cooperativismo como uma doutrina, exercida pelas cooperativas que surgiram após a Revolução Industrial. Primeiro na Inglaterra. E hoje com um bilhão de filiados no mundo inteiro. E ele lembra que as cooperativas costumam crescer nas crises. Até porque ninguém vive sem um produto primordial: alimentos. E o ex-ministro ainda arrisca um paradoxo: “Essa pandemia fez melhorar muito o respeito e a admiração da sociedade mundial pelo agronegócio. Tanto que podem até originar diversos protecionismos no pós Codive-19”.
E por falar em pós-pandemia, o debate lançou luzes sobre o futuro de nosso país e do nosso Campo. José Rossato afirmou que o desafio deles vai ser o etanol. A cana-de-açúcar foi a origem da cooperativa e o bio combustível, que tem os preços ligados ao petróleo, será a grande tarefa daqui para frente. Carlos Augusto reforçou que o nosso Agro é forte e as nossas cooperativas são poderosas. Se os portos do mundo se mantiverem abertos, nossa competitividade vai garantir que as cooperativas saiam na frente e que o país chegue a um patamar ainda mais elevado.
Irineo da Costa relembrou que o desafio é a sanidade dos processos agropecuários. Em vegetais e proteína animal. Aperfeiçoar o trabalho tão duramente conquistado pela competência de ministros, autoridades, profissionais, instituições, produtores, ao longo de quase seis décadas. Irineo gosta de dizer que o Brasil precisa se vender como a ‘Arábia Saudita dos alimentos’. E diz que precisamos tocar a vida. Acreditar no setor e empurrar o governo para a frente, com as reformas mais urgentes para a economia e para a sociedade brasileira. Tudo com a ajuda da Ministra Teresa Cristina.
Márcio Lopes destacou o projeto ‘Coopera Brasil’, desenhado pela OCB antes da pandemia e que só acelerou agora, com a crise. É uma ação de inovação, sustentabilidade do negócio no termo mais amplo. E Integridade. Ensino à distância é a mais nova ferramenta estruturada dentro do projeto. Assim como outras ferramentas de renovação. Intercooperação, ambiente de negócios que facilitem os processos. Para a entidade chegar mais perto das cooperativas e ajudá-las a progredir. O Márcio garante que é tocar em frente com prudência, cuidado, atenção com os parentes, os parceiros, os colaboradores e a saúde do negócio.
Para terminar, duas conclusões. Primeiro, do Roberto Rodrigues. “Não sabemos quanto tempo essa crise vai durar. Logo, a lição é cuidar do caixa o tempo que for necessário. Mas o agro vai salvar o Brasil mais uma vez. Com empregos, exportação e o PIB. E com o cooperativismo sendo a ponta de lança. É o nosso DNA. Fazer com a competência que sempre tivemos’.
Por último, da cabeça que imaginou essa ação de informação e solidariedade. Luciana Martins. “Estamos vivendo a quarta Revolução Industrial. Da Internet das coisas, da Agricultura 4.0. A pandemia nos empurrou para a digitalização em massa. Logo, queremos mostrar o poder transformador das cooperativas. Aceleramos a conclusão de um aplicativo que estávamos construindo, para ajudar as cooperativas. Para elas poderem comparar a performance delas com as outras irmãs. Irmãs em atuação, posição geográfica e atividades. E ainda demos um gás nos processos de inovação e digitalização. Não podemos fraquejar agora. Temos que perseverar e trabalhar, seguir em frente, lutando por um mundo mais produtivo e de respeito à vida e ao próximo”.